Poder e Santidade

Satã tem enganado a igreja, fazendo-a acreditar que a santidade é superior ao poder, como se o poder fosse uma distração ou uma ameaça à verdadeira piedade. Essa falsa dicotomia tem aleijado gerações de crentes. É um assalto ao conhecimento de Deus. Ela mutila a sua natureza divina e perverte a fé do seu povo, transformando a vida cristã em uma caricatura de moralidade sem milagre e disciplina sem efeito ou propósito. Em vez de exaltar a santidade, essa distorção a redefine em algo que exclui Deus e honra um ídolo. É uma mentira nascida do inferno e reforçada pelos Sem Fé para separar os crentes da plenitude de Deus.

Essa distorção aparece em todas as partes da vida religiosa. Os cristãos afirmam exaltar a santidade acima de tudo, e então a definem nos termos mais lamentáveis e humanos. Eles a reduzem a comportamento e temperamento. Um homem santo, nessa visão, é alguém com boas maneiras e restrição emocional. Uma igreja santa é aquela com códigos de vestimenta modestos e um tom sério. E os crentes mais ousados são ativistas políticos por sua ideologia supostamente cristã. Inútil e patético! Dessa forma, eles disfarçam a mediocridade como maturidade. Eles chamam sua impotência de humildade e ortodoxia. Eles agem como se sua postura moral os colocasse em um terreno mais elevado do que aqueles que buscam o sobrenatural. Tudo isso se baseia em uma mentira sobre a natureza da santidade em si.

A verdade é que a santidade não pode ser separada do poder, porque ambos pertencem igualmente à natureza de Deus. Deus não é composto de traços desconectados, como se pudéssemos isolá-los, classificá-los ou colocá-los em tensão uns com os outros. Seu amor não está em desacordo com sua justiça. Sua justiça não é uma ameaça à sua misericórdia. Sua santidade não é algo que compete com seu poder. Deus é um. Seus atributos são maneiras pelas quais ele se revela e pelas quais podemos falar sobre ele. Eles são expressões do mesmo ser divino, e existem em perfeita unidade. É impossível dividi-los ou exaltar um acima do outro. Não existe tal Deus cuja santidade possa ser separada de seu poder, ou cujo poder possa ser separado de seu amor.

No entanto, isso é o que os Infiéis fizeram. Eles criaram uma versão de Deus que não existe. Eles ensinam sobre a santidade como se fosse um ideal autônomo, algo a ser cultivado à parte da presença e do poder do próprio Deus. Eles falam como se a santidade significasse mera bondade, humildade, limpeza moral e coisas semelhantes, como se esses atributos definissem a natureza divina. Mas eles estão descrevendo um ideal humano, não uma realidade divina. Eles podem coram deo o dia todo, mas se sua noção de santidade for meramente alteridade ontológica e moral, e nossa santidade nada mais for do que uma imitação ética, então eles não sabem nada sobre a santidade de Deus. Sua santidade é uma ficção, uma falsificação frágil que recua diante da majestade divina da verdadeira santidade. Eles não acreditam em uma santidade que abrange separação moral, alteridade ontológica, e ao mesmo tempo um amor que opera milagres, e um poder que se sacrifica. Sua ideia de santidade, em outras palavras, expõe o fato de que sua religião é puramente humana. E ao pregar essa versão de santidade, eles rejeitaram o evangelho de Jesus Cristo.

O evangelho não estabelece uma religião que oferece mera reforma moral. Ele é uma boa notícia de outro mundo, anunciando um programa abrangente de libertação e regeneração. Ele cria uma nova humanidade que anda com Deus em todos os seus atributos. Pois Deus é um, e é impossível relacionar-se com ele em apenas alguns de seus atributos enquanto proíbe o resto. Quando Jesus pregou o evangelho, ele não apenas falou sobre justiça e pecado. Ele curou os doentes e expulsou demônios, e realizou muitos tipos de milagres. Sua santidade era radiante com poder sobrenatural. O evangelho foi anunciado da única maneira legítima: em palavras e milagres. Este é o único evangelho que a Bíblia conhece. E este é o evangelho que os Infiéis perderam.

Eles imaginam que sua ênfase no caráter é divina, quando na verdade é uma renúncia a Deus. Ao elevar sua definição de santidade acima do poder, eles se condenaram. Eles se comprometeram com uma imagem falsa de Deus. Eles se recusam a buscar o poder porque afirmam que ele é inferior à santidade. Isso mostra que eles são ignorantes em teologia. Desejar sabedoria de Deus, não à parte dele, é uma marca de santidade. Esforçar-se para amar como Deus também é uma marca de santidade. Da mesma forma, andar no poder sobrenatural de Deus é uma marca de santidade. Pois o poder não é um suplemento opcional à santidade. O poder é santidade. A verdadeira santidade é definida pelo poder infinito.

A religião sem fé resiste a isso. Ela insiste que Deus é santo porque é distinto de sua criação, de modo que a santidade no homem significa mera separação moral. No entanto, isso é tão patético que faz o próprio Deus parecer fraco perante o mundo. Deus é santo não apenas no sentido ético, mas também no sentido ontológico. Ele é diferente, e ele é melhor. Ele é santo porque é perfeito e infinito em todos os seus atributos: em justiça, em sabedoria, em amor e em poder sobrenatural. Uma teologia que afirma que devemos imitá-lo em todos os aspectos, exceto no poder de milagres, é uma fraude transparente. Apenas mais um golpe religioso. Quando a Escritura diz que Deus é santo, não está chamando atenção apenas para sua excelência moral. Está chamando atenção para a plenitude de todas as suas perfeições. Sua santidade é trovão e relâmpago, milagre e julgamento, e é precisamente essa santidade que Cristo trouxe ao mundo e ordenou que seus discípulos recebessem. É belo além de toda a nossa imaginação, e os Sem Fé o arruinaram.

Jesus não veio para exemplificar fraqueza disfarçada de paciência. Ele veio para exibir a glória do Pai. Ele era a imagem do Deus invisível, a exata representação de sua natureza. Ele não era meramente santo em caráter. Ele era santo em poder, não que os dois possam ser distinguidos em primeiro lugar. Ele expulsou demônios e doenças com uma palavra. Ele acalmou uma tempestade com um comando. Ele falou a uma figueira e ela secou. Ele era temido por sua autoridade. Quando acusado de expulsar demônios pelo poder demoníaco, ele usou uma doutrina como arma para refutar e condenar seus oponentes. Quando entrou no templo, ele se tornou físico e virou as mesas. Mas ele não exerceu apenas esforço físico. Quando foi preso e respondeu: “Eu sou”, a multidão caiu no chão. Ele não exibiu nada parecido com nossa “virtude” fraca e esquisita. Ele partiu para o ataque e declarou que o reino de Deus estava sobre eles. Isso era santidade. E Jesus demonstrou que a majestade divina poderia ser revelada através de um corpo humano, um como o que nós temos.

Não há santidade a menos que imitemos este Cristo. Isso significa imitar o seu poder, não apenas a sua compaixão e humildade. Devemos andar em sucesso sobrenatural, não apenas em dignidade religiosa. Santidade significa confiança nas promessas de Deus para sinais e maravilhas. É não santo, até mesmo demoníaco, duvidar de Deus e dar desculpas. Santidade significa estender a mão com compaixão para curar os doentes por meio de milagres e encorajar os abatidos por meio de profecias, com insights sobrenaturais. Esse tipo de santidade não pode ser fabricado pelo esforço ou disciplina humana. Ela vem da fé. Sem fé, a santidade torna-se uma paródia de si mesma. Sem poder, a santidade torna-se um espetáculo de palhaços religioso perante o mundo, porque não é santidade de forma alguma. Ela lisonjeia a consciência religiosa sem fé enquanto rejeita a vida de Cristo.

Isso é o que aconteceu com a igreja. Ela trocou Cristo pela virtude. Ela trocou milagres pela política. Ela não acredita mais no evangelho que vira o mundo de cabeça para baixo. Ela se sente confortável com o fracasso, desde que pareça piedosa, e desde que possa mentir para reivindicar a superioridade moral. Por que o teólogo sem fé se refere à santidade de Deus apenas como o outro, como trauma, ou, se puder ser reduzida à experiência humana, como virtude? É porque uma pessoa sem fé está fundamentalmente alienada de Deus. O fato de que ele é religioso apenas obscurece esse fato para si mesmo e para os outros. Tal homem não conhece o Deus de Moisés ou de Elias. Ele não pode conhecer o Deus dos apóstolos, ou o Deus de Jesus Cristo. Ele exclama: “Olhem! Os ateus fogem dele!” Mas ele foge de Deus da mesma forma, só que é muito mais hipócrita do que o ateu, porque finge que abraça aquele que nega.

Santidade é medida pela quantidade de Deus que há em um homem, não por quão bem o homem se adequa a uma lista de virtudes. E Deus é poder. Ele não é amor? Claro, e o amor é poder. A justiça é poder. A sabedoria é poder. A misericórdia é poder. Todo atributo de Deus termina em milagres. Esta é a santidade que ele dá ao seu povo. Como isso é possível? Pela regeneração do coração, a infusão de fé e o batismo do Espírito Santo. A santidade confunde as normas e virtudes humanas. Ela é sobrenatural, vitoriosa e cheia de glória.

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Power and Holiness ↗