Quando Jesus Viu a Fé Deles

E quando Jesus viu a fé deles, disse ao paralítico: “Filho, os seus pecados estão perdoados.” (Marcos 2:5)

Os amigos do paralítico vieram com um propósito simples e urgente. Eles o carregaram até Jesus porque acreditavam que ele andaria novamente. Eles se abriram caminho pela multidão, subiram ao telhado e o rasgaram para baixá-lo diante do Senhor. Seu esforço era uma expressão de crença no poder dele para curar. Eles não estavam lá para pedir absolvição ou para confessar pecados. Eles queriam que o homem fosse restaurado à saúde. No entanto, quando Jesus viu a fé deles, a primeira coisa que ele disse foi: “Filho, teus pecados estão perdoados.” Ele abordou o que eles não haviam mencionado e deu o que eles não haviam pedido.

A fé em Cristo não é divisível de forma organizada em compartimentos separados para perdão e cura. A fé que recebe uma recebe a outra, porque ambas pertencem ao mesmo Cristo e à mesma redenção. Aqueles que pensam que podem confiar nele para o corpo enquanto duvidam dele para a alma, ou vice-versa, não entendem sua identidade e sua missão. Ele não oferece um evangelho parcial. Sua autoridade para restaurar um corpo aleijado é a mesma autoridade para limpar uma consciência culpada. Crer em uma é ter base para a outra.

No caso do paralítico, Jesus escolheu declarar o perdão primeiro, e depois curar. Ele explicou aos críticos que suas palavras não eram blasfêmia, mas prova de seu direito divino: “Para que saibais que o Filho do Homem tem autoridade na terra para perdoar pecados,” disse ele ao paralítico, “levanta-te, pega a tua cama e vai para casa.” A cura física confirmou o perdão espiritual, e o perdão espiritual era tão real quanto o homem se levantando e andando.

Esse princípio não se limita àquele evento. A mesma unidade aparece em Tiago 5, onde o apóstolo instrui a igreja a orar pelos doentes: “A oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se ele tiver cometido pecados, será perdoado.” A mesma oração, a mesma fé e o mesmo Senhor respondem com cura e perdão. Não há sugestão de que uma possa ter sucesso enquanto a outra falha. Tiago fala delas como dois efeitos da mesma resposta divina.

O padrão se estende profundamente nas Escrituras. A fé de Abraão foi-lhe creditada como justiça quando ele creu na promessa de Deus de descendentes. O objeto imediato de sua crença não era o perdão, mas o cumprimento de uma palavra sobre sua prole natural. No entanto, Deus contou essa fé como justiça. Sempre que um homem crê na palavra de Deus, ele se posiciona na postura de justificação. A substância da fé é a mesma: ela toma Deus em sua palavra e confia em seu poder. No caso de Abraão, a promessa era sobre um filho. No caso do paralítico, a promessa era sobre cura. Em ambos, a fé era para justiça, porque era fé no Deus que justifica.

Isso demole a divisão artificial que muitos cristãos impõem entre o que eles chamam de “fé salvadora” e “fé para outras coisas”. Eles falam como se alguém pudesse confiar em Deus para provisão, proteção ou cura sem tocar na salvação, ou como se alguém pudesse ser perdoado e ainda assim não ter confiança em suas promessas sobre saúde e vida. A Escritura não apresenta um Cristo assim dividido. Há um só Senhor, um só evangelho, uma só fé. Confiar nele é confiar nele. O objeto da fé não é uma qualidade abstrata, mas a pessoa viva que fala e age. Se ele é crido em uma área, o crente tem toda razão para crer nele em todas as áreas.

O oposto também é verdadeiro. Duvidar dele no que ele prometeu claramente é incredulidade, mesmo que alguém professe fé em outra área. Um homem que alega confiar em Cristo para a vida eterna, mas se recusa a crer em suas palavras sobre cura, mostra que sua confiança é seletiva e inconsistente. Esta não é a fé que a Escritura ensina. Deus não tratou a fé em uma promessa como se ela fosse alheia ao resto de sua palavra. A Abraão, ele considerou a crença na promessa de um filho como justiça. Ao paralítico, ele concedeu tanto o perdão quanto a cura em resposta à mesma fé.

Em ambos Marcos 2 e Tiago 5, o vínculo entre cura e perdão é mais do que temático. Ele é integral no sentido de que o mesmo ato de fé recebe ambos. Isso porque ambos fluem da mesma obra de Cristo, que carregou nossos pecados e levou nossas enfermidades. A cruz não foi um ato de redenção parcial. Quando Cristo morreu, ele não removeu apenas a culpa. Ele também quebrou o poder da morte e da doença. Os benefícios alcançam tanto a alma quanto o corpo.

Portanto, a igreja não deve pregar um Cristo que perdoa sem curar ou um Cristo que cura sem perdoar. Ela deve pregar o Cristo que salva integralmente. O homem que vem em busca de cura deve ouvir que seus pecados são perdoados, e o homem que vem em busca de perdão deve saber que o mesmo Cristo restaura sua saúde. Reter qualquer um dos dois é deturpar o evangelho e trair Jesus Cristo.

A cena em Marcos 2 é mais do que uma história de cura. É uma declaração da autoridade abrangente de Cristo e da natureza inseparável de suas bênçãos. Vendo a fé deles, ele perdoou pecados. Então ele curou o corpo. A fé de Abraão na promessa de um filho foi imputada como justiça. A mesma fé trouxe tanto a cura quanto o perdão ao paralítico. A oração da fé em Tiago 5 traz ambos. Estes não são evangelhos separados ou graças separadas. São uma salvação em Cristo, recebida por uma fé, dada por um Senhor.

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When Jesus Saw Their Faith ↗