Tradição e Consciência

A consciência é frequentemente tratada como um guia confiável em questões de verdade e moralidade. As pessoas apelam para ela quando querem se justificar, e a temem quando se sentem condenadas. Elas falam como se agir contra a consciência fosse sempre pecar. A religião tem reforçado essa suposição, elevando a voz interior do coração a uma autoridade ao lado da palavra de Deus. O resultado tem sido gerações que confundem sinceridade com verdade e paz interior com aprovação divina. Mas a consciência não é conhecimento. Ela não é a voz de Deus, mas o eco do que uma pessoa já acredita. Se o conhecimento que a informa for falso, então a voz da consciência irá enganar. Por essa razão, as Escrituras insistem que Deus é maior do que os nossos corações. A consciência pode desculpar ou acusar, mas o padrão permanece a revelação de Deus. Quando a consciência e o conhecimento discordam, o cristão deve andar pelo conhecimento.

A consciência funciona como um sentimento no coração. Ela é comparável às sensações no corpo. Se você pressionar contra um espinho, você sente dor. Se você ofender o que sua consciência foi treinada para aceitar, você sente culpa. Mas assim como o corpo pode enviar sinais falsos, a consciência pode ser imprecisa. Algumas doenças criam dor quando não há lesão, ou escondem a dor quando há uma grande lesão. Da mesma forma, a consciência pode gerar alarmes falsos ou permanecer em silêncio quando a culpa é real. O conhecimento, no entanto, não é um sentimento. Ele é a verdade revelada por Deus nas Escrituras. Se sabemos o que Deus falou, então temos certeza. Quando o coração sente de uma maneira e a palavra de Deus diz outra, devemos seguir o conhecimento.

Paulo em pessoa demonstra essa distinção. Ele disse ao conselho que havia vivido com toda a boa consciência até aquele dia. Isso incluía seus anos como fariseu, quando perseguiu a igreja com zelo. Naquela época, ele estava convencido de que devia se opor ao nome de Jesus, e quanto à justiça debaixo da lei, considerava-se irrepreensível. Sua consciência o desculpava porque havia sido moldada por uma tradição falsa. Mais tarde, ele confessou que havia agido por ignorância, em incredulidade. Sua sinceridade era real, mas o que ele acreditava era falso. Isso mostra a função da consciência: ela mede a sinceridade, mas apenas o conhecimento mede a verdade. Portanto, quando Paulo apelou para a consciência, ele não estava reivindicando correção vitalícia, mas consistência vitalícia. Seus inimigos não podiam acusá-lo de hipocrisia, mas sua própria história prova que a consciência não tem autoridade à parte da palavra de Deus.

Alguns podem objetar apelando para Romanos 14, onde Paulo adverte que agir contra a consciência é pecado. Mas o contexto ali é diferente. As questões em discussão, como comer ou beber e a observância de dias, não são pecados em si mesmos. Um homem que acredita que elas são erradas e, mesmo assim, as pratica, demonstra uma disposição para se rebelar contra o que ele pensa ser a vontade de Deus. O pecado reside na disposição, não na comida ou no dia. Mas, quando Deus falou claramente, a consciência não pode sobrepor-se à revelação. Afirmar que o assassinato ou o roubo é justificado porque a consciência aprova é derrubar a autoridade da lei de Deus. Romanos 14 não torna a consciência a regra da fé. Isso prova novamente que a consciência deve ser educada pelo conhecimento. A solução de Paulo não é deixar as pessoas na ignorância, mas incentivá-las a alcançar convicção pelo conhecimento da verdade.

Vemos o mesmo princípio em ação na tradição religiosa. As pessoas crescem treinadas por costumes humanos, e esses costumes moldam sua consciência. Elas aprendem que parece errado pedir a Deus cura ou prosperidade, ou outras coisas que desejam, mesmo que a Bíblia as prometa ao crente. Seu coração reclama quando oram por bênçãos, porque a tradição as condicionou a pensar que tais orações são egoístas ou irreverentes. Na realidade, a falsa tradição tem educado mal a consciência. O sentimento de culpa não é o julgamento de Deus, mas o resíduo de um ensino falso. Se seguirmos esse sentimento, rejeitamos o que Deus tem falado.

O cristão deve agir com base no conhecimento, não no sentimento. Se você sabe que Deus prometeu cura, então ore pela cura, mesmo que o seu coração hesite. Se a sua tradição sussurra que isso é errado, então grite mais alto e ore com maior insistência. A consciência pode acusar, mas Deus prometeu. Se você sabe que Deus prometeu prosperidade, então fale e aja com base nesse conhecimento, independentemente da queixa interior de culpa. A fé não é um sentimento no coração, mas o conhecimento da palavra de Deus. É a confiança no que Deus falou, não uma sensação que flutua com a criação e a cultura. Confundir consciência com fé é tornar a sinceridade igual à verdade, e esse é exatamente o erro que uma vez enganou Paulo.

Alguns crentes se sentem tímidos ou até culpados ao compartilhar o evangelho, porque sua formação os ensinou que é errado “impor” suas crenças aos outros. A consciência deles protesta quando falam sobre Cristo, como se a obediência ao seu mandamento fosse de alguma forma ofensiva. Mas Jesus falou claramente: “Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações”. Permanecer em silêncio por causa de uma consciência perturbada é desobedecer a Cristo. O sentimento de culpa é falso. A consciência foi treinada pela opinião humana, não pelas Escrituras. O conhecimento deve prevalecer. Mesmo que o coração hesite, o mandamento de Cristo exige ação.

O princípio é simples quando aplicado a pecados óbvios. Se você sentir raiva e quiser matar alguém, sua consciência pode não impedi-lo, mas a lei de Deus diz: “Não matarás”. Você não obedece aos seus sentimentos; você obedece a Deus. Se você sentir ganância e desejar roubar, ou quiser mentir para obter o que deseja, a Bíblia proíbe isso. Seus sentimentos não importam. Você se submete ao conhecimento. Da mesma forma, se você sentir culpa ao pedir o que Deus prometeu, a culpa em si é falsa. Seu coração pode reclamar, mas você deve obedecer à palavra de Deus em vez de aos seus sentimentos.

A consciência deve ser educada pela palavra de Deus. À medida que a mente é renovada, o coração gradualmente aprende a alinhar suas reações com a verdade. Mas a obediência é exigida imediatamente, não em algum ponto futuro quando os sentimentos finalmente mudarem. Você não pode esperar até que a consciência aprove antes de obedecer à Bíblia. Se você já conhece a verdade, então seu dever é claro. A fé repousa no conhecimento. Os sentimentos devem seguir, mas eles não definem a crença.

Na oração, essa distinção é crucial. Um homem pode sentir que é errado pedir a Deus cura, bênção ou prosperidade. Sua consciência protesta porque a tradição a treinou para protestar. Mas ele sabe, pelas Escrituras, que Deus lhe ordena pedir e promete responder. O que, então, ele deve fazer? Ele deve orar de acordo com o conhecimento, não de acordo com a consciência. Ele deve orar com confiança, não com hesitação. Ele deve resistir à falsa culpa de seu coração e insistir com toda a sua convicção no que Deus tem falado. Permitir que a consciência governe é entronizar a ignorância. Permitir que o conhecimento governe é andar pela fé.

A experiência de Paulo confirma isso. Quando seu conhecimento era falso, sua consciência o desculpava enquanto ele perseguia Cristo. Quando seu conhecimento era verdadeiro, sua consciência testemunhava sua integridade como apóstolo. Sinceridade sem verdade ainda é pecado. A consciência nunca é a regra de fé. Ela é apenas um reflexo das crenças já mantidas na mente. Portanto, a consciência deve ser ensinada, testada e corrigida pela palavra de Deus.

A vida cristã depende desse princípio. Se confiarmos em nossa consciência, seremos escravizados pela falsa culpa e pelo falso consolo, e confundiremos tradição com verdade. Se confiarmos na palavra de Deus, permaneceremos firmes independentemente do que o coração sente. A palavra de Deus é a medida da fé e da prática. A consciência deve ser treinada para se submeter, e a tradição deve ser derrubada quando contradiz a revelação. A vitória vem quando andamos pelo conhecimento, não pelo sentimento. Deus é maior que nossos corações. Ele é maior que a tradição. Sua palavra é final, e somente sua palavra define a verdade.

📖 Artigo original:

Tradition and Conscience ↗