Quatro Dias para a Ressurreição
Quando ele disse essas coisas, clamou em alta voz: “Lázaro, vem para fora.” O homem que havia morrido saiu, com as mãos e os pés amarrados com faixas de linho, e o rosto envolto em um pano. (João 11:43-44)
Lázaro jazia no túmulo por quatro dias. A pedra o selava dentro, os enlutados aceitavam a finalidade da morte, e as irmãs sentiam o atraso pressionando sobre elas. Quando Jesus chegou, ele se aproximou de uma situação que já cheirava a decomposição. Quatro dias haviam passado. A cena carregava uma mensagem de que o processo havia terminado e nada mais poderia ser feito. Jesus respondeu a isso com um comando. Ele chamou o homem pelo nome, e o homem morto saiu caminhando. É assim que a glória de Deus aparece. Ele escolhe um momento que parece terminado e então fala de uma maneira que reescreve o fim da história.
Se Deus ressuscitou Lázaro após quatro dias, então acreditar que Jesus ressuscitou após três dias deveria ser ainda mais fácil. A fonte de ambos é a mesma. O Pai opera, o Filho fala, o Espírito dá vida. Lázaro não se ressuscitou a si mesmo. Ele recebeu um ato de Deus executado por meio da palavra de Jesus. Jesus não negociou com a sepultura. Ele tratou a morte como uma serva e ordenou que ela libertasse o homem. O ponto é simples. Deus faz o trabalho. O tempo e a decomposição não o limitam. Podemos esperar que Deus aja instantaneamente, mas mesmo quando há atraso, nunca há derrota. Qualquer atraso apenas proporcionará um teatro onde a fé pode contemplar o poder que governa o próprio tempo.
As pessoas agem como se devessem proteger a reverência por Cristo ao reduzir a expectativa de poder na igreja. Esse instinto insulta Cristo, porque esquece que os milagres pertencem a ele em todos os casos. Aqueles que resistem à promessa de obras maiores deveriam considerar Lázaro. Deus o ressuscitou após quatro dias, e Deus ressuscitou Jesus após três. O mesmo obreiro agiu em ambos os casos. A duração do tempo não estabelece diferença alguma. Isso expõe o erro de tratar a experiência terrena de Jesus como um teto. Os quatro dias de Lázaro despedaçaram esse limite imaginado, enquanto mantinham toda a honra com Cristo, que ordenou ao sepulcro. Obras maiores permanecem como obras dele, estendidas por meio de seu povo. O aumento magnifica o obreiro, não os instrumentos. A única conclusão razoável é que os dias não significam nada para Deus. Se quatro dias não o impediram, três dias nunca poderiam se interpor no caminho. A igreja espera um aumento em escopo e alcance porque o Cristo vivo age através de nações e gerações. A fé extrai sua confiança do obreiro, não do catálogo anterior de resultados. Se ele escolher fazer o que nenhum profeta viu, a fé concorda imediatamente, porque a fé crê no obreiro.
A incredulidade frequentemente tem raízes na auto-adoração. Sua confiança é pequena porque seu objeto é pequeno. A fé se volta para Deus sozinho. Ela julga toda situação pelo caráter dele e pelas promessas dele. A fé abre a mente para possibilidades que a história nunca registrou. O Senhor pode fazer algo sem precedentes em nossa experiência. Ele pode superar o que lemos. Ele pode multiplicar um sinal ou enlarguecer uma misericórdia além do padrão que esperávamos. Nada disso exalta o homem. A honra pertence àquele que age. O instrumento nunca se torna maior que a mão que o maneja.
A fé tem sua própria linguagem, mas ela não é rígida. Alguns entendem mal e pensam que a tarefa principal é evitar declarações negativas. Eles se tornam supersticiosos em relação às palavras e ansiosos com cada frase. A Escritura ensina algo mais agudo. A boca fala da abundância do coração. A resposta é encher o coração com a palavra de Deus até que a fé saia naturalmente na fala. As palavras então se inclinam para a promessa e a expectativa. Isso não requer uma recusa nervosa em reconhecer as circunstâncias presentes. Jesus disse aos discípulos que Lázaro havia adormecido porque queria que eles pensassem na ressurreição tão facilmente quanto acordar um amigo. Quando eles entenderam mal, ele afirmou claramente que Lázaro havia morrido. Sua confiança permaneceu intacta. Ele preferia lançar a situação sob a luz do poder, mas também podia nomear a condição presente sem render a expectativa.
Siga o mesmo padrão. Quando uma pessoa jaz doente, podemos dizer que ele está doente, e na mesma respiração dizer que Deus cura. Quando uma família carrega dívidas, podemos dizer que o fardo existe, e também dizer que Deus prospera e que o futuro não se parecerá com o presente. Um padrão de fala que se centra nas circunstâncias presentes é um sinal inconfundível de incredulidade, então isso não oferece cobertura para ela. A confissão que governa a mente deve sempre apontar para o resultado prometido por Deus. Nós não nos treinamos para temer certas palavras, como se sílabas controlassem a providência. Nós nos treinamos para viver dentro das promessas até que elas definam o tom para toda observação. A fé mantém uma postura voltada para o futuro. Ela trata o estado atual como material para Deus trabalhar. Ela nunca concede finalidade a uma condição contra a qual Deus falou.
Marta alertou sobre o odor. Ela sabia o que quatro dias significam para um corpo. Jesus redirecionou a atenção dela. Ele disse a ela para acreditar e para buscar a glória de Deus. Quatro dias forneceram o palco no qual aquela glória se destacaria. Quando a pedra foi movida e o comando foi dado, ninguém poderia fingir que um milagre não havia ocorrido e que toda a coisa havia sido um enorme mal-entendido. Deus havia agido. O comando criou o que ele requeria. A voz de Jesus produziu obediência em um homem que não podia ouvir. Toda dificuldade que se acumula à sua vista apenas enlarguece o lugar onde a palavra se exibirá. A fé recusa o conselho da visão e então observa o conselho de Deus prevalecer.
Quando trazemos um homem a Cristo, não dizemos que o salvamos. Levamos uma mensagem e anunciamos o mandamento de Deus. Ele concedeu arrependimento e fé. Quando uma pessoa se recupera de uma doença após a oração, não dizemos que a curamos. Obedecemos à instrução de orar e de impor as mãos. Deus deu vida e força. O mesmo se aplica a todo sinal e a toda resposta. Se alguém insiste que obras maiores desviariam a atenção para os homens, ele já demonstrou que seus olhos estão fixos nos homens. A igreja deve falar de uma maneira diferente. Falamos como pessoas que encontraram o obreiro de milagres. Apontamos para ele e repetimos suas palavras até que o resultado apareça. Aceitamos que ele pode ampliar a obra muito além de qualquer coisa que tenhamos lidado antes, porque seu braço alcança mais longe do que nossa imaginação.
A perseverança confiante e relaxada cresce a partir dessa compreensão. Não recue porque o caso parece antigo ou o atraso se prolongou. Quatro dias anunciaram o fim da esperança para Lázaro, e quatro dias definiram o momento para o comando chegar com poder de ressurreição. Continue orando e falando em fé. Continue se movendo em direção ao túmulo com Jesus. O cronograma pertence a ele. O túmulo não é dono do relógio. Cada hora está aberta à voz que chamou o mundo à existência. Um crente que mantém essa perspectiva se torna firme. Ele rejeita a tirania das aparências e trata os relatos dos sentidos como material para o Senhor sobrepujar.
A incredulidade não tem desculpa na presença de um Cristo que se chama a Ressurreição e a Vida. As pessoas tentaram destruí-lo e descobriram que a morte não pode reter aquele que é o autor da vida. Os governantes cancelaram sua respiração e então o viram retornar com as chaves em sua mão. Como ele vive pelo seu próprio poder, ele pode conceder essa vida sempre que desejar. Se o túmulo não pôde reter Lázaro após quatro dias, ele nunca poderia reter Jesus após três. O túmulo se rende a ele. Demônios e doenças obedecem a ele. A história toma forma sempre que ele fala.
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