Deus e Mamon

“Vocês não podem servir a dois senhores. Ou odiarão um e amarão o outro, ou se dedicarão a um e desprezarão o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro.” (Mateus 6:24)

O versículo se apresenta como uma lei simples da alma humana. Ele não suplica nem argumenta. Ele declara uma condição que governa toda escolha que diz respeito a riqueza e posses. A primeira coisa que o texto faz é recusar o compromisso. Um coração humano arranjará suas lealdades. Esse arranjo determinará como a vida se parece. Isso é verdade para pregadores e padeiros, para o homem que ora ao amanhecer e a mulher que equilibra os livros da casa. Não há exceção. Não há partição inteligente que torne a fidelidade a Deus compatível com a devoção secreta a Mamom.

As necessidades materiais são inegáveis. As pessoas precisam de comida, roupas, abrigo, meios para prover para filhos e vizinhos, fluxos de dinheiro para reparos repentinos e obrigações previsíveis. Essas necessidades são fatos. A existência da necessidade não desculpa o serviço dividido. Ela expõe a necessidade de identificar a verdadeira fonte. Se o dinheiro for tratado como um domínio separado que responde a essas necessidades à parte de Deus, então o dinheiro se torna a fonte na prática. Quando uma casa de oração recusa acreditar em Deus pela riqueza enquanto as mesmas pessoas tomam emprestada confiança de bancos e orçamentos, o resultado não é prudência espiritual. O resultado é lealdade dupla onde o mestre visível reivindica o coração.

Uma grande tentação se apresenta como santidade. Pessoas religiosas falarão como se a fidelidade a Deus exigisse uma recusa em crer em Deus para a abundância. Elas dirão que buscar dinheiro de Deus é mundano. Elas parecerão realizar deveres espirituais com zelo, mas tratarão a provisão material como um reino para educação, trabalho e planejamento estratégico. Essa postura parece santa porque carrega uma borda moral. Mas não é nada além de hipocrisia. Se Deus atenderá à alma e Mamom deve atender ao corpo, a lealdade se divide. Aquele que pensa que é santo demais para pedir a Deus por abundância pode parecer servir a Jesus aos domingos, mas receber ordens de Mamom o resto da semana. Mas se sabemos que a pessoa serve a Mamom, então sabemos que ele não serve a Deus, porque Jesus disse que um homem não pode servir a ambos ao mesmo tempo. Em outras palavras, se um homem não confia em Deus pelas coisas materiais, ele certamente está servindo a Mamom; caso contrário, ele já estaria morto.

Faça a pergunta lógica que o texto requer. Se Deus é o nosso Deus, quem mais deveríamos esperar que cuide de nós? Vire a pergunta para a alternativa e ela desmorona. Buscar nos homens a provisão definitiva é confiar em mãos que falham. Buscar em si mesmo a suficiência definitiva é idolatrar uma mente finita. Buscar em Satanás a provisão é aliar-se a ele na raiz. Cada uma dessas alternativas é ou impotente ou traidora. Deus foi declarado Senhor e Provedor. As obrigações da adoração incluem confiar em Deus no que diz respeito à riqueza. Recusar essa confiança é apostasia.

Considere os resultados. Quando uma pessoa coloca a lealdade primária no dinheiro, a promessa que se segue é estreita. O mundo pode oferecer uma medida de riqueza. Ele entregará essa medida por suas próprias regras. O servo de Mamom assegura um arranjo que rende apenas o que o mundo pode dar. Isso é uma prosperidade limitada. Até mesmo esse rendimento limitado pode falhar. O dinheiro obedece às circunstâncias. Uma fortuna pode desaparecer. Um esquema pode desmoronar. Servir ao dinheiro dá a ilusão de controle enquanto expõe a vida à volatilidade de sistemas caídos. O servo de Mamom descobrirá que ter dinheiro não é idêntico à boa vida. A busca pelo dinheiro produz um apetite que engole o significado.

A pessoa que serve a Deus recebe uma economia diferente. O dom principal é a salvação e a justiça que pertence àqueles que creem. Esse dom é decisivo e final. Ele se ergue como o fundamento para tudo o mais. Jesus ensinou que Deus cuida dos pardais e conta os cabelos da cabeça de um ser humano. O mesmo mestre prometeu que Deus dará as coisas que os pagãos desejam àqueles que buscam o reino. Isso é uma garantia incorporada na vida e no ensino de Jesus. Confiar em Deus pelas realidades espirituais e recusar a confiança pelas realidades materiais é dividir o testemunho do evangelho. A promessa de prosperidade flui do mesmo caráter que realiza a redenção. Deus cuida do seu próprio povo. Esse cuidado inclui abundância para o trabalho e a família.

Alguns recuarão diante de tal declaração. Críticos sem fé dirão que é perigoso afirmar que Deus garante qualquer coisa. Eles insistirão em um pietismo vago no qual a bênção de Deus é incerta e as promessas devem ser neutralizadas por ressalvas. Essa postura equivale a uma recusa das palavras claras de Jesus. Resistir à promessa de provisão e prosperidade é acusar Jesus de exagero. Aqueles que seguem esse caminho se apresentam como discípulos cautelosos enquanto minam o próprio Senhor que afirmam seguir. Sua cautela é prova de um coração dividido. Eles honram a aparência de lealdade enquanto negam a força do ensino de Jesus.

Essa contradição produz uma raça particular de cristianismo falsificado. Esses homens e mulheres querem a identidade social da igreja sem a confiança que o evangelho exige. Eles criticarão os crentes que pedem abertamente a Deus por riqueza. Eles chamarão a confissão de fé de presunçosa. Eles atribuirão motivos aos fiéis que revelam uma falha em ler as Escrituras. Esses críticos não são amigos. Eles são inimigos de Jesus, mesmo enquanto afirmam segui-lo. Distinga entre opositores que se opõem abertamente e aqueles que escondem a oposição por trás de frases piedosas. Os fiéis sabem onde a solidariedade se posiciona. Um amigo é aquele que repete Jesus e vive por ele. Um falsificado distorce a linguagem e trai o ensino.

A escolha permanece inevitável. Uma única lealdade molda a vida. Servir a Deus envolve acreditar que o Deus que salva também cuida das necessidades materiais. A confissão de fé pelas realidades espirituais e a confissão de fé pelas realidades materiais pertencem juntas. É uma única fé em Deus. O reino tem ambos os lados. Insistir que Deus supre a alma e o mundo supre o corpo é inventar um abismo que a Escritura não autoriza. O homem que confia em Deus pela riqueza encontrará seus passos arranjados. A pessoa que pensa que Deus não promete essas coisas, de modo que olha para o mamon para sustentá-la, descobrirá que nunca seguiu verdadeiramente Jesus de forma alguma.

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God and Mammon ↗