Profecia e Apologética

Se todos profetizarem, e entrar um incrédulo ou forasteiro, ele é convencido por todos, é chamado a prestar contas por todos, os segredos do seu coração são revelados, e assim, caindo de rosto no chão, ele adorará a Deus e declarará que Deus está realmente entre vós. (1 Coríntios 14:24-25)

Uma das demonstrações mais impressionantes do poder divino no ministério de Jesus foi a sua capacidade de falar diretamente às realidades ocultas do coração de uma pessoa. Isso era mais do que um exercício de percepção sobrenatural. Era uma arma da verdade que expunha o homem interior, destruindo todas as suas pretensões e defesas em um único golpe. Quando Jesus falava, a mente era exposta. Toda motivação e pensamento oculto ficava nu perante ele, e o efeito era frequentemente convicção e fé instantâneas.

Quando Jesus encontrou a mulher no poço, ele não simplesmente a ensinou sobre adoração ou lhe ofereceu água viva em termos abstratos. Ele a perfurou com a revelação de que conhecia sua vida em detalhes. Ela não teve chance de controlar a conversa ou esconder sua vergonha. Ele lhe disse a verdade sobre seu passado, seus cinco maridos e o homem com quem ela agora vivia. Naquele momento, ela percebeu que estava falando com mais do que um profeta no sentido comum. Seu conhecimento da vida dela não era boato ou suposição. Era o olhar onisciente de Deus encontrando-a à luz do dia. Ela deixou seu cântaro de água para trás e correu para contar aos outros, porque tal encontro não podia ser ignorado.

Da mesma forma, quando Natanael veio a Jesus, o Senhor o saudou com uma declaração sobre o seu caráter antes que eles tivessem trocado uma única palavra. Quando Natanael o questionou, Jesus revelou que o havia visto debaixo da figueira, um detalhe que o atingiu com uma força inconfundível. Naquele momento, um homem que era cético quanto a qualquer coisa boa vir de Nazaré confessou que Jesus era o Filho de Deus e o Rei de Israel. O argumento não foi construído por meio de persuasão gradual ou camadas de raciocínio, por mais válido que isso pudesse ter sido. Foi um golpe súbito e decisivo no mundo oculto do homem, compelindo-o a crer.

Esse tipo de conhecimento profético também apareceu quando Jesus percebeu os pensamentos daqueles que se opunham a ele. Se eles sussurravam uns aos outros ou meramente raciocinavam em seus corações, ele respondia às palavras que eles nunca falavam abertamente. Isso os deixava expostos e humilhados perante a multidão. O Cristo onisciente não precisava que eles apresentassem suas objeções para debate. Ele as desmantelava antes que fossem proferidas.

O mesmo Espírito que operou em Cristo continua a operar em seu povo. Paulo escreveu que, quando a profecia surge na assembleia, os segredos do coração são revelados, e o ouvinte cairá de rosto em terra, adorará a Deus e declarará que Deus está verdadeiramente entre eles. Isso não se limita às reuniões da igreja, mas se estende a todo ambiente onde o evangelho é proclamado. Quando os crentes falam pelo Espírito, a palavra pode contornar a fortaleza mental e atingir o cerne do ser de uma pessoa.

Jesus disse aos seus discípulos que, quando fossem levados perante governantes e autoridades, não deveriam se preocupar com o que responderiam, porque o Espírito Santo lhes ensinaria o que dizer naquele momento. Isso não é uma promessa de consolo vago, mas de uma declaração precisa e oportuna, palavras tão adequadas à situação- situação que não podem vir apenas do planejamento humano. Em tais momentos, o Espírito faz mais do que dar uma resposta eloquente. Ele pode revelar os próprios pensamentos, motivos e segredos daqueles que ouvem, transformando o confronto em um encontro com Deus.

É por isso que a profecia pertence integralmente ao trabalho da apologética. A defesa da fé sempre foi destinada a operar no âmbito tanto do raciocínio sólido quanto do poder sobrenatural de Deus. A Escritura apresenta a apologética como o engajamento pleno da mente e do espírito, onde a exposição racional da verdade e a revelação profética do coração trabalham em conjunto. Quando o evangelho é proclamado com força intelectual e com o poder do Espírito, ele aborda todas as faculdades do ouvinte, confrontando-o com o Deus que tanto convence quanto sonda as profundezas do seu ser.

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Prophecy and Apologetics ↗