Da Promessa à Experiência

Uma promessa não é o mesmo que uma experiência. Um homem pode possuir uma escritura legal de um pedaço de terra, mas nunca pôr os pés nela. Uma família pode herdar uma fortuna e ainda assim morrer na pobreza, sem saber da riqueza que foi transferida para eles. Assim é com as bênçãos de Deus. Elas são dadas e anunciadas, mas muitos nunca as possuem. Elas permanecem não descobertas ou desacreditadas. A Escritura não diz que poderíamos receber se Deus se sentir inclinado, mas que recebemos pela fé. As bênçãos pertencem a nós porque foram prometidas a nós. No entanto, só desfrutamos do que recebemos, e recebemos o que cremos.

Se Deus prometeu a cura, por que alguns falham em experimentá-la? É um erro equiparar a fidelidade divina com o cumprimento automático. A cura pertence ao crente, mas a posse não é passiva. A mulher com as costas encurvadas havia estado na sinagoga por dezoito anos. O homem com a mão ressequida provavelmente havia frequentado muitos cultos sabáticos. Eles eram filhos da aliança, mas não estavam andando no poder da aliança. Eles estavam cercados por especialistas religiosos, mas nenhum tinha a fé para erguê-los. Sua condição perdurou não porque Deus falhou, mas porque a fé estava ausente. E quando Jesus veio para libertá-los, as autoridades objetaram.

Os fariseus responderam com desprezo, não com confusão. Eles não eram meramente ignorantes, mas desafiadores. Eles ficavam furiosos porque milagres ocorriam fora de seu controle. Eles espalhavam acusações falsas contra Cristo e ameaçavam aqueles que acreditavam nele. Eles impunham a conformidade com um sistema que mantinha o povo preso e envergonhado. Esses não eram atos aleatórios de ciúme mesquinho. Eles eram uma oposição coordenada e sistêmica à verdade e ao poder. E era a elite religiosa que liderava o ataque. Os eruditos, os mestres, os líderes do povo, eram exatamente aqueles que bloqueavam a porta para o reino e puniam qualquer um que ousasse entrar.

Jesus olhou para esses homens com desprezo. Ele não se impressionava com seus títulos, e não se adaptava às suas tradições. Ele os denunciou como impostores e os chamou de filhos do inferno. Ele expôs sua hipocrisia e advertiu seus seguidores a evitá-los. A sinagoga era o centro espiritual da comunidade, mas havia se tornado uma prisão. Os líderes não ensinavam a verdade. Eles não pregavam as promessas de Deus. Eles não tinham poder para libertar, e ressentiam qualquer um que tivesse. As pessoas sob seus cuidados não estavam sofrendo apenas de doenças ou pobreza. Elas estavam sob um regime espiritual que suprimia ativamente a fé.

É exatamente isso que a igreja se tornou. Ela preserva uma forma religiosa, mas rejeita a verdade. Ela recita as palavras da aliança, mas nega sua relevância. A igreja substituiu as promessas vivas de Deus por herança humana e confissões de fraqueza. Quando alguém se levanta para falar a palavra da fé, ela reage como a sinagoga. Ela emite advertências e levanta suspeitas. Ela excomunga os curados e pune os esperançosos. As forças mais hostis contra a salvação e a libertação de Deus não são os ateus, mas os teólogos. Eles sustentam suas tradições como mais confiáveis do que a Escritura, e reinterpretam as promessas de Deus através das lentes de seu próprio fracasso. Eles não se maravilham quando milagres acontecem. Eles atacam e zombam. Eles são os descendentes daqueles que condenaram Cristo e buscaram sua morte.

Jesus curou a mulher no sábado para restaurar o que havia sido roubado. Ela havia sofrido sob a liderança deles por quase duas décadas. Ele a chamou de filha de Abraão, porque essa era a verdadeira descrição de sua posição. A aliança era dela. A bênção era dela. Mas ninguém a ajudou a experimentá-la. Sua cura foi uma correção de uma injustiça. O homem com a mão ressequida não foi curado aleatoriamente. Jesus ordenou que ele a estendesse. Esse ato de obediência foi o meio pelo qual a promessa se tornou experiência. Se ele tivesse se recusado, ou se tivesse consultado os líderes religiosos para obter a opinião deles, ele teria permanecido deformado.

O que pertence a você em Cristo é recebido pela fé. Um homem pode sentar-se ao lado de um banquete e morrer de fome. Uma pessoa pode viver em um palácio e congelar se nunca acender o fogo. As bênçãos estão próximas, mas elas não são impostas. Deus declarou a sua palavra, selou-a com sangue e pregou-a até os confins da terra. A fé leva à experiência dessas promessas. A soberania de Deus é revelada na certeza de suas promessas, não em sua suposta liberdade para contradizê-las. Deus não revisa o caso de cada pessoa para decidir se honrará o que disse. Ele não cumpre ocasionalmente a sua palavra enquanto a quebra em outras ocasiões. Isso não seria soberania, mas desonestidade. Isso o tornaria um mentiroso, o que é impossível.

O homem que crê recebe. Aquele que não crê permanece em falta. Aquele que ensina a fé espalha vida. Aquele que se opõe a ela espalha morte. A igreja foi destinada a proclamar a aliança e demonstrar o poder de Cristo. No entanto, grande parte dela se tornou como a antiga sinagoga: ressentida com os milagres e hostil à fé. Ela pune aqueles que creem mais do que ela, e adverte as pessoas a se afastarem daquilo que Jesus veio dar. Ela não prega as promessas. Ela não prepara as pessoas para receber. E quando alguém começa a experimentar o que lhe pertence em Cristo, os líderes ficam irritados, assim como ficaram irritados com Jesus.

Mas as promessas permanecem. A aliança não mudou. A cruz garantiu mais do que o perdão. Ela garantiu o acesso. O evangelho se espalhou, e com ele o conhecimento da verdade. Nenhum homem hoje está limitado à elite teológica. A palavra está perto de você, na sua boca e no seu coração. Não se subjugue a um sistema religioso que Cristo demoliria. Não se submeta a vozes que advertem contra as próprias bênçãos de Deus. Não honre mestres que não têm respostas, nem poder, nem experiência. As promessas de Deus pertencem a nós. Que a experiência corresponda à herança, e que o poder do evangelho seja visto mais uma vez naqueles que creem.

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From Promise to Experience ↗