O Próprio Pai Vos Ama

Jesus disse aos seus discípulos: “Naquele dia pedireis em meu nome. Não digo que rogarei ao Pai por vós, pois o próprio Pai vos ama, porque me tendes amado e crestes que eu vim de Deus.”

Naquela época, a visão judaica de Deus frequentemente enfatizava sua santidade e transcendência de tal maneira que o fazia parecer distante e inacessível. O povo ia a Deus por meio de rituais, sacrifícios e a mediação de sacerdotes. O acesso a Deus era restrito, e a ideia de se aproximar de Deus de forma pessoal e íntima era estranha para a maioria das pessoas. O sistema do templo, com suas barreiras e divisões, reforçava a ideia de que Deus estava separado da pessoa comum.

Jesus trouxe uma mensagem revolucionária. Ele apresentou Deus como alguém que deseja um relacionamento próximo e pessoal com o seu povo. Ele ensinou seus discípulos a se dirigirem a Deus como “Pai”, uma partida radical das maneiras formais e distantes às quais eles estavam acostumados. Ao ensinar seus discípulos a orar em seu nome, Jesus lhes deu acesso direto ao Pai, contornando o sistema de sacrifícios e intermediários. Isso marcou uma mudança profunda na forma como as pessoas podiam se relacionar com Deus.

A ideia de orar em nome de Jesus e saber que o próprio Pai nos ama foi transformadora para os discípulos. Eles se aproximavam de Deus com distância e formalidade, dependendo de sacerdotes e rituais. Mas Jesus introduziu um novo caminho, uma relação caracterizada por intimidade e confiança. Deus não era mais visto como uma divindade remota a ser aplacada, mas como um Pai amoroso que se deleita em seus filhos e deseja abençoá-los.

Baseando-se nessa nova compreensão de Deus como um Pai amoroso, Jesus ensinou seus discípulos a orar em seu nome. O nome de Jesus não é apenas uma frase para encerrar uma oração, mas uma representação de tudo o que ele realizou por meio de sua vida, morte e ressurreição. Ele viveu em perfeita obediência ao Pai, cumpriu toda a justiça e se ofereceu como um sacrifício perfeito pelo pecado. Por causa disso, Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome. Quando oramos em nome de Jesus, estamos invocando a autoridade e a justiça daquele que recebeu toda a autoridade no céu e na terra.

Orar em nome de Jesus significa que nos aproximamos de Deus não com base em nosso próprio mérito, mas no mérito de Jesus Cristo. Nossos pecados e falhas nos teriam desqualificado de nos apresentarmos perante um Deus santo, mas o sacrifício de Jesus abriu o caminho para entrarmos em sua presença. Quando oramos em nome de Jesus, afirmamos que somos aceitos por Deus por causa dele, e não por qualquer coisa que tenhamos feito. É por isso que podemos nos apresentar perante Deus com ousadia e confiança, mesmo quando nossos sentimentos mudam. O Pai ama Jesus, e quando nos aproximamos em seu nome, carregamos todo o peso de sua justiça.

há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens: o homem Cristo Jesus

Entretanto, há algo que precisamos esclarecer. Quando pensamos em orar em nome de Jesus, podemos supor que Deus nos responde apenas por causa de Jesus, que Ele se importa profundamente com Jesus e com a sua obediência, mas se importa pouco conosco como indivíduos, especialmente porque pecamos e falhamos. É verdade que Deus nos responde por causa de Jesus. Mas isso não é o quadro completo. Jesus explicou que o Pai não nos tolera meramente por causa de Jesus, enquanto permanece distante ou indiferente. Mas Ele declarou que o próprio Pai nos ama.

Deus ama Jesus, e é por isso que o nome de Jesus tem tanto peso quando oramos. Mas Deus também ama você como um indivíduo distinto. O Pai ama você, não apenas porque Jesus pediu a ele ou porque você usa o nome de Jesus, mas porque ele escolheu colocar o seu amor sobre você. Jesus disse: “Naquele dia pedireis em meu nome. Não vos digo que eu rogarei ao Pai por vós; pois o próprio Pai vos ama, porque vós me tendes amado e crestes que eu saí de Deus.” Ele deixou claro que Deus não precisa ser persuadido para abençoar você. O próprio Pai ama você, e é por isso que ele o atenderá.

No entanto, Deus lhe deu o nome de Jesus como base para se aproximar dele. Embora Deus o ame, você pecou, e o pecado separa a humanidade de Deus. Sua santidade e justiça exigem que o pecado seja julgado, e é por meio da obra de Jesus na cruz que essa separação é removida. Por sua morte e ressurreição, Jesus abriu o caminho para que os pecadores se aproximem de um Deus santo. Portanto, você pode se apresentar diante de Deus, mesmo como alguém que pecou, mesmo quando falhou, e orar em nome de Jesus. E Deus o receberá, não de má vontade, mas com alegria, por causa do que Jesus fez.

Essa verdade permanece mesmo quando você se sente fraco, e mesmo quando sua autopercepção diante de Deus vacila. O amor de Deus por você não se baseia no seu desempenho, mas na sua decisão soberana, no seu caráter imutável e na obra de Jesus. Você nunca deve vacilar, mas mesmo se você lutar para acreditar que Deus o ama ou que ele responderia às suas orações, você ainda pode se apegar a isso: Deus sempre responde a Jesus.

É fácil acreditar que Deus ama Jesus, e fácil acreditar que Deus sempre o atenderá. Você pode aplicar essa mesma confiança a si mesmo, porque Jesus lhe deu o direito de usar o seu nome. O mesmo amor que Deus tem por Jesus, e a mesma prontidão que ele tem para atendê-lo, agora se aplicam a você. É como se você dissesse a Deus: “O Filho que você ama, eu estou com ele. Eu pertenço a ele.” Você pode se aproximar de Deus com confiança, sabendo que ele o atenderá por causa de Jesus.

Mas, ainda assim, Jesus quer que você vá mais longe. Ele quer que você saiba que o próprio Pai o ama individual e pessoalmente. Foi o Pai quem enviou Jesus para salvá-lo. Foi o amor dele que iniciou a sua salvação e abriu um caminho para que você se aproximasse dele. Jesus disse: “Não vos digo que rogarei ao Pai por vós; pois o próprio Pai vos ama”. Ele queria que você entendesse que o amor do Pai por você é tão específico e suficiente que ele não precisa de ninguém para convencê-lo a abençoá-lo.

O Pai mesmo vos ama, e ele vos dará simplesmente porque sois vós que pedis. Este é um amor direto e pessoal. Foi este amor que estabeleceu a mediação de Jesus. Foi este amor que enviou o seu Filho para morrer por vós, para que pudésseis voltar para casa, para junto dele. E, como Paulo disse, aquele que não poupou a seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos dará juntamente com ele, e de graça, todas as coisas?