O Senhor Livra
Muitas são as aflições do justo, mas o Senhor o livra de todas elas. (Salmos 34:19)
Davi sabia o que significava estar cercado por perigos. Ele escreveu este salmo depois de escapar dos filisteus fingindo loucura. Sua vida estava em risco. Ele havia sido caçado, traído e marcado para morrer. Quando ele disse que os justos enfrentam aflições, não estava pensando em pequenas frustrações ou irritações menores. Ele não se referia a um vizinho rude, um colega hostil ou um desdobramento decepcionante de eventos. Ele estava descrevendo a ameaça de destruição, os assaltos de inimigos, as tramas de homens que queriam matá-lo. As Escrituras registram sua experiência para que possamos entender o que Deus quer dizer quando fala de aflições. A palavra de Deus não exagera e não banaliza. Quando o salmo diz que muitas são as aflições dos justos, ele prepara o terreno para a libertação de Deus das provações mais severas que a vida pode apresentar.
Mas a aflição é comum ao homem. Não é o caso de os ímpios estarem isentos de aflições. Eles também sofrem calamidades, desastres, traições, doenças, fomes e guerras. O que distingue os justos não é a ausência de aflição, mas a certeza do resgate. Os ímpios não têm tal esperança. Quando caem em aflição, não há promessa de que Deus agirá em favor deles. Seus clamores são sopro desperdiçado, e seu desespero é a justa recompensa por sua incredulidade. Os justos, no entanto, têm a certeza de que toda aflição se torna ocasião para a intervenção de Deus.
O salmo não diz que o Senhor pode livrar. Ele não apresenta o livramento como uma possibilidade ou uma vaga esperança. Ele declara que o Senhor livra o justo de todos eles. Questionar isso é alinhar-se com a incredulidade. Cercar a fé com qualificações tímidas é negar o ensino claro das Escrituras. Muitos pregadores construíram sua reputação sobre essa negação. Eles dizem à igreja que Deus aflige o seu povo, que ele ordena a miséria e retém o resgate. Eles invertem o evangelho ao declarar como heresia a promessa de que Deus livra, e como ortodoxia a ideia de que ele inflige. Na maioria das igrejas, tornou-se respeitável pregar que Deus abandona os seus filhos, embora não ousem dizê-lo com essas palavras, enquanto é rotulado como escandaloso afirmar que Deus os livra. Isso é a obra de Satanás dentro da igreja. É o estabelecimento de um evangelho falsificado que substitui as promessas divinas por mentiras demoníacas.
O verdadeiro evangelho é que Deus livra. Ele salva não apenas no sentido da vida eterna, mas também nas circunstâncias imediatas deste mundo. Seu poder se estende à pessoa inteira. Ele livra do pecado, e ele livra da doença. Ele livra do inferno, e ele livra da fome. Ele livra do julgamento, e ele livra da pobreza. Restringir a promessa a tentações ocultas ou perigos espirituais invisíveis é distorcer o que Davi confessou. Davi foi livrado da própria morte, e o mesmo Deus resgata seu povo hoje.
A promessa se estende ao físico e ao material. Ela se estende ao corpo quando a dor ou a fraqueza busca consumi-lo. Ela se estende ao lar quando os recursos estão esgotados e o pão de cada dia parece incerto. Ela se estende ao local de trabalho, à cidade e à nação quando a violência ou a traição ameaça a paz. O mesmo Deus que perdoa pecados também cura doenças. O mesmo Cristo que redime a alma também multiplica pães e peixes. O salmo proclama que o justo enfrenta muitas aflições, mas o Senhor o livra de todas elas, e isso inclui todas as esferas da vida onde as aflições podem atacar.
Essa é a fé que Satanás despreza. Ele tolerará a religião que curva a cabeça sob a miséria. Ele até promoverá um evangelho de resignação que chama a aflição de bênção. O que ele não pode suportar é a fé que crê na palavra de Deus, que confessa o seu poder e que recebe o seu resgate. Portanto, ele enche os púlpitos com vozes que contradizem Davi, que chamam a incredulidade de humildade e que caluniam as promessas de Deus como presunção. Mas o versículo ainda está lá, e não pode ser apagado. Ele não pode ser reinterpretado para o silêncio.
A fé abraça isso. Ela não especula se Deus intervirá. Ela confessa que Deus sempre intervém. O salmista não está oferecendo uma esperança incerta, mas uma declaração de fato. A libertação pertence aos justos. Aqueles que depositam sua confiança nele nunca serão envergonhados.
A mensagem é tão clara hoje quanto quando Davi a escreveu pela primeira vez. A igreja deve decidir se acreditará na palavra de Deus ou nas doutrinas de demônios. Ela deve escolher entre um evangelho de libertação e um evangelho de desespero. Crer no verdadeiro evangelho é confessar que aflições podem vir, mas Deus resgata o seu povo de cada uma delas. Esta é a promessa de Deus, testada no cadinho do perigo, provada na vida de Davi, confirmada em Cristo e oferecida a todos os que creem.
O Senhor livra o justo de todas as aflições. Esta é a palavra de Deus. Ela não pode ser feita para dizer o oposto. A boa notícia é que o Senhor livra. Mesmo quando os justos caem nas situações mais graves, incluindo a ameaça de morte, o Senhor vem em socorro cada vez.
David fora caçado e quase morto, então ele falou a partir de experiência pessoal quando disse que os justos enfrentam aflições. A maioria dos crentes nunca encontrará tais perigos, e não quase tantos. Suas vidas não incluirão tentativas de assassinato, prisão ou a constante ameaça de morte. Mas o versículo ainda pertence a eles. Ele se apresenta como um argumento “mesmo se”: mesmo se sua vida descer a tal perigo, o Senhor livra. Sua palavra não é exagero vazio. É uma garantia que cobre toda situação, da menor à mais grave.
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