A Vida Autoperpetuante no Interior
O cristão que recebe o Espírito Santo após a conversão é cheio de sua presença e poder. O Espírito Santo é o eterno, a vida não criada de Deus, auto-gerador e auto-perpetuador, incapaz de esgotamento. Seu poder não depende de nada fora de si mesmo. Ele é a fonte e o sustentador de tudo o que existe, e quando ele vem viver em uma pessoa, essa pessoa carrega dentro de si aquele que não precisa de nada para continuar.
Isso significa que a vida de Deus no crente é constante e inesgotável. Ela não tira força do esforço humano para continuar. O Espírito nunca se alimenta de nós. Ele nunca é nutrido pelo nosso zelo ou sustentado pelo nosso esforço. Ele nos alimenta. Ele nos fortalece e nos renova. Ele é o poço que nunca seca, a fonte que nunca para de fluir. O Espírito em nós permanece em plena medida em todos os momentos. Sua presença é constante e sua capacidade é infinita.
Porque ele é Deus, o Espírito traz consigo os próprios atributos de Deus. Ele trabalha ao nosso lado e nos transforma. Ele nos torna semelhantes a Deus em santidade, sabedoria e poder. Esta é a realidade de sua obra. Ele molda nossos pensamentos para refletir a mente de Cristo. Ele produz em nós o caráter que pertence somente a Deus, como amor, justiça, fidelidade e verdade. Ele concede habilidades que vêm de sua própria natureza, capacitando-nos a fazer o que nunca poderíamos realizar por meios humanos.
É por isso que a vinda do Espírito marca uma mudança decisiva na vida de uma pessoa. Quando ele entra, somos unidos ao sobrenatural, ao infinito e ao todo-poderoso. Essa união é completa e real. O Espírito não retém nada daquele em quem habita. Ele está plenamente presente, plenamente ativo e plenamente comprometido em tornar o crente uma expressão viva da própria vida e obras de Deus.
Entender isso é ver por que o dom do Espírito Santo está além de qualquer comparação. Deus perdoa nossos pecados e nos dá um lugar em seu reino, e essas bênçãos são grandes. No entanto, ele vai além. Ele nos dá a si mesmo. O Espírito não é uma força impessoal ou uma ajuda temporária. Ele é o Senhor, o doador de vida, habitando em nós para nos sustentar com o mesmo poder pelo qual sustenta o universo. Ele opera de dentro para que sua vida se torne a vida pela qual vivemos.
Nada mais na criação funciona dessa maneira. Toda coisa criada depende de algo mais para sua existência e força. Todo ser vivo deve ser nutrido de fora. Somente o Espírito tem vida em si mesmo, e somente ele pode colocar essa vida dentro de outro. Quando isso acontece, o crente se torna um vaso de vida divina, sustentado por um poder que não diminui, animado por um Espírito que não se cansa, e moldado à semelhança do Deus que lhe deu.
É por isso que os apóstolos podiam falar da presença do Espírito como o cumprimento definitivo da promessa de Deus ao seu povo. Tudo o que Deus havia prometido nas alianças e nos profetas encontra sua realidade nele. O Espírito que habita em nós é a garantia de que Deus completará sua obra em nós, porque sua presença é em si mesma o poder que a realiza. Ele faz o que Deus declara.
Receber o Espírito é, portanto, receber o maior dom possível. Nada pode superá-lo, porque nada é maior que Deus. É um dom que excede a expectativa humana e que continua a confundir a teologia sem fé. Deus coloca sua própria vida autogeradora, autoperpetuadora em criaturas que outrora se opuseram a ele. É a mais alta expressão de graça e a prova mais segura de que seu propósito para nós é mais do que sobrevivência. Seu propósito é a transformação em sua semelhança.
O crente que entende isso nunca tratará o Espírito como um conforto opcional ou uma influência marginal. Ele verá que todo pensamento, palavra e ação devem ser capacitados pela sabedoria e habilidade do Espírito. Ele esperará que a vida de Deus nele produza resultados que só podem ser explicados pela presença de Deus. Ele viverá em confiança e apreciação de que o Espírito eterno, o mesmo Espírito que pairava sobre as águas na criação e ressuscitou Jesus dos mortos, agora vive nele, não precisando de nada dele para se sustentar, mas dando tudo para sustentá-lo.
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