Fé Sem Vergonha
A palavra de Deus dá promessas claras sobre cura e prosperidade. Ela afirma que o crente pode ter saúde e pode ter abundância. Essas bênçãos se apresentam como dons da graça recebidos pela fé. Elas não são barganhas ou pagamento por serviços prestados. Elas não vêm com condições ocultas que restrinjam seu desfrute àqueles que as usam de maneiras específicas. A cura não é reservada para aqueles que servirão no ministério. A prosperidade não é reservada para aqueles que darão uma porção predeterminada a outros. As promessas em si são diretas e incondicionais em sua intenção, mesmo que a generosidade e o serviço sejam partes importantes da vida cristã.
Muitos que pregam sobre esses assuntos tendem a inserir tais condições quase imediatamente. Quando mencionam cura, eles se apressam em dizer que Deus cura para que você possa trabalhar para ele ou para que você possa ajudar os outros. Quando mencionam prosperidade, eles correm para adicionar que Deus dá riqueza para que você possa doá-la ou financiar o ministério. Em um sentido, essas são aplicações válidas, porque aqueles que são abençoados estão em posição de abençoar os outros. No entanto, quando isso é a primeira ou constante qualificação, começa a soar como uma desculpa por desejar a promessa em si. Isso transforma a bênção em uma transação onde seu valor é julgado pelo quão bem ela pode ser usada para algo além da pessoa que a recebe.
Esse instinto revela constrangimento em vez de fé. Ele sugere que o desejo por saúde ou abundância precisa ser desculpado ou justificado perante os outros. O pregador ou crente sente-se compelido a explicar que deseja a bênção por “boas razões”, como se a fé na palavra de Deus fosse insuficiente. Isso trai um problema mais profundo, uma relutância em acreditar que a promessa de Deus é uma base suficiente para o desejo e o pedido. Quando o crente está diante de Deus pedindo o que Ele prometeu, não há necessidade de enfeitá-lo como uma ferramenta para algum outro propósito antes que seja aceitável.
Os Evangelhos estão cheios de exemplos de bênçãos dadas diretamente à pessoa, sem a condição de que elas sejam imediatamente convertidas em instrumentos para os outros. Quando Jesus curou os doentes, a cura em si cumpria a vontade dele para eles. A pessoa que havia sido cega agora podia ver. A pessoa que havia sido coxa agora podia andar. Elas podiam prosseguir para ajudar os outros, mas o milagre estava completo antes que dessem o primeiro passo de serviço. As dádivas de Deus são inerentemente boas e completas para aquele que as recebe. Elas têm valor em si mesmas antes de serem repassadas.
Tratar toda bênção como valiosa apenas quando beneficia outros é minar a graça de Deus. Se Deus curasse apenas para que a pessoa curada pudesse servir a outra pessoa, então sua intenção nunca recairia sobre o indivíduo. A bênção seria sempre para a próxima pessoa na linha, e o primeiro recipiente seria simplesmente uma ferramenta em uma cadeia de utilidade. Isso é alheio ao caráter de Deus, que se deleita em fazer o bem a cada um que ele ama. Ele abençoa cada um que abençoa. A partir daí, ele pode também abençoar muitos outros por meio deles, mas a bênção termina na pessoa primeiro.
A fé recebe a promessa sem vergonha. Ela diz: “Eu recebo a cura de Deus porque quero ser saudável. Quero me sentir forte. Quero viver livre de dor e fraqueza. Deus me criou como um ser humano com esses desejos e necessidades, e ele providenciou para eles.” Isso está em concordância com a maneira como Deus fez o mundo e as promessas que ele deu. Da mesma forma, a fé diz: “Eu recebo a prosperidade de Deus porque quero viver bem. Quero desfrutar da provisão que ele deu para comida, abrigo, beleza e abundância. Ele conhece essas necessidades e declarou sua vontade de atendê-las.”
Há sabedoria em separar os assuntos de receber bênçãos e servir aos outros com essas bênçãos. Ambos são verdadeiros, mas não são a mesma conversa. Quando os dois são confundidos, o ensino se torna um evangelho de obras futuras. O crente começa a pensar que a bênção é dada em troca do que fará mais tarde, em vez de como um dom recebido pela fé hoje. Isso rouba a graça de sua pureza e afasta a mente de confiar na própria promessa. O evangelho ensina que Deus cura porque é misericordioso, porque a cura faz parte da redenção, e porque a fé recebe o que ele proveu.
Uma vez que a pessoa é curada, ela está em uma posição melhor para servir. Uma vez que eles são prosperados, eles podem dar mais livremente. Essas coisas são verdadeiras, mas elas vêm depois que a bênção é recebida. Deus não explora seu povo como ferramentas a serem descartadas quando o trabalho é feito. Ele os abençoa porque os ama. Ele se deleita em sua restauração, seu bem-estar e sua alegria. Quando essa alegria transborda para os outros, ela se torna uma extensão da bênção original, não sua substituição.
Essa distinção protege o crente de cair em uma mentalidade de justificação constante. Ela permite que eles se posicionem diante de Deus com uma mão aberta e um pedido direto. Eles podem dizer: “Você prometeu cura, e eu creio em você. Você prometeu prosperidade, e eu creio em você.” Esse tipo de fé é sem vergonha. Ela não dilui a promessa com condições humanas. Ela trata a palavra de Deus como final e confiável. Ela espera ver a bondade de Deus na terra dos viventes, e recebe sem constrangimento.
Um evangelho que exige justificativa constante para receber as promessas de Deus é um evangelho de suspeita. Ele treina os crentes a questionarem seus motivos toda vez que pedem algo que Deus ofereceu livremente. Essa suspeita corrói a fé. Ele ensina o crente a se posicionar diante de Deus com metade da mente, um olho na promessa e o outro no próprio desempenho ou intenções. A fé que se baseia na graça fixa ambos os olhos na promessa, porque a graça torna a promessa segura.
Quando Deus abençoa, ele pretende que essa bênção repouse em você primeiro. Ele não precisa de uma desculpa para fazer o bem a você, e você não precisa inventar uma. Uma vez que a bênção é sua, você pode compartilhá-la livremente, e isso é bom. No entanto, é ainda melhor quando o compartilhamento flui da plenitude em vez de uma condição que você teve que cumprir antes de poder receber qualquer coisa. A fé recebe, desfruta e então dá. Essa é a ordem do evangelho. Essa é a maneira da fé sem vergonha.
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