A Insuficiência da Inteligência Sem Fé
Suponha que eu tenha cem dólares, e você precise de dez para o seu almoço. Se você me pedir cinco e receber apenas cinco, você ainda carece do que precisa. Minha suficiência não o alimenta a menos que você tire dela o que é necessário. Esse é o tipo de lógica elementar que até uma criança poderia compreender, e no entanto pregadores e teólogos infiéis se perdem em confusão sobre isso. Eles repetem o slogan de que a Escritura é suficiente, mas usam isso como desculpa para contradizer o que a própria Escritura ensina. Seu problema não é sutileza ou sofisticação. Seu problema é inteligência insuficiente.
A suficiência das Escrituras significa que a Bíblia fornece tudo o que é necessário para nos ensinar a verdade de Deus e nos guiar no caminho da salvação. Os profetas e apóstolos falaram por inspiração divina, de modo que o registro escrito é completo em sua autoridade e escopo. Ele não precisa de suplemento das tradições dos homens, nem lhe falta verdade que deva ser suprida por experiência mística ou decretos eclesiásticos. Nesse sentido, as Escrituras são de fato suficientes. O problema surge quando as pessoas distorcem a ideia. Elas a usam como uma arma contundente para silenciar a própria voz da Bíblia.
Aqueles que usam a suficiência das Escrituras para cancelar o testemunho das Escrituras apenas exibem sua própria incapacidade de raciocinar. Eles se exibem como defensores da ortodoxia, mas na verdade se expõem como intelectualmente inadequados até mesmo para as tarefas mais simples da teologia. Eles imaginam que estão honrando a Bíblia quando a despojam de seu conteúdo, como se a reverência consistisse em repetir um slogan em vez de se submeter ao seu ensino. A Bíblia é suficiente para aquilo para o que a Bíblia serve. Ela revela Cristo e ensina a fé. Fingir o contrário é estupidez, não aprendizado.
Uma distorção comum surge quando a suficiência das Escrituras é usada para negar milagres. O argumento afirma que, porque as Escrituras são suficientes, não há necessidade de milagres hoje. Esse raciocínio é outro exemplo de colapso intelectual. A própria Bíblia ensina a realidade dos milagres, a necessidade deles e a fé que se apodera deles. Ela é suficiente para mostrar que Deus cumpre sua palavra com poder, que o ministério de Cristo e de seus apóstolos foi cheio de milagres e que os crentes recebem a mesma promessa. Usar a suficiência das Escrituras como uma forma de rejeitar milagres é tornar a Bíblia insuficiente na prática. Ela ensina uma coisa, e você usa um slogan para proibir o que ela ensina. Se a suficiência das Escrituras significa que não podemos ter o que as próprias Escrituras nos dizem para ter, então a doutrina foi transformada em uma mentira.
Considere uma ilustração. Suponha que alguém insista que os Dez Mandamentos são suficientes para fornecer diretrizes morais amplas para a sociedade. Então imagine que essa mesma pessoa rejeita metade deles. Ele declara que irá assassinar, fornicar e mentir, e quando questionado sobre o porquê, responde: “Porque os mandamentos são suficientes.” A loucura dessa resposta deve ser óbvia. Os mandamentos são suficientes em si mesmos, mas se você os distorcer para transformá-los em permissão para a desobediência, você nega a suficiência deles e condena a si mesmo. Mas essa é exatamente a estrutura da teologia ortodoxa infiel. Ela elogia a suficiência da Escritura enquanto usa esse elogio para anular seus próprios ensinamentos.
Confessar que a Escritura é suficiente é confessar que tudo o que ela ensina é verdadeiro e vinculante. Confessar a suficiência da Escritura enquanto rejeita o que ela ensina é contradizer a si mesmo. É como dizer que uma lâmpada é suficiente para dar luz, mas depois quebrar a lâmpada e insistir que a escuridão prova sua suficiência. Essa manobra não é inteligente, e não é piedosa. É o hábito de mentes obtusas que preferem slogans e tradições à fé em Deus.
Essa perversa distorção da suficiência das Escrituras finge honrar as Escrituras. Muitos homens são habilidosos em projetar essa aparência. Eles proclamam sua lealdade à Bíblia, e se contrastam com aqueles que apelam para visões ou milagres. Eles parecem conservadores e bíblicos para os ignorantes. Mas eles são rebeldes. Ao silenciar o que a Bíblia exige, eles transformam sua suficiência em insuficiência. Eles destroem exatamente aquilo que afirmam proteger.
A verdadeira reverência é acreditar no que a Bíblia ensina, afirmar o que ela afirma e obedecer ao que ela ordena. A suficiência das Escrituras nunca significa que milagres são impossíveis ou que a obediência é opcional. Isso significa que Deus nos deu um testemunho suficiente que nos diz todas essas coisas. Aqueles que rejeitam o testemunho não têm direito de falar sobre a suficiência da Bíblia.
Você pode se apegar a slogans vazios e chamá-los de ortodoxia, ou pode acreditar na palavra de Deus e receber o que ela promete. Aqueles que escolhem o primeiro se provam ignorantes, incapazes de compreender o que qualquer criança poderia entender. Aqueles que escolhem o segundo encontrarão nas Escrituras tudo o que elas afirmam dar: verdade, vida, salvação e o poder de Deus. A inteligência é medida não pela repetição de clichês, mas pela submissão ao ensino da Bíblia. Falhar aqui não é um sinal de profundidade ou maturidade, mas de insuficiência, uma insuficiência de inteligência.
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