Há Sete Dias para Ser Curado

Certo sábado, enquanto ensinava numa sinagoga, estava ali uma mulher que tinha um espírito que a mantinha doente havia dezoito anos. Ela andava encurvada e de modo nenhum podia endireitar-se. Ao vê-la, Jesus a chamou à frente e lhe disse: “Mulher, você está livre da sua doença”. Então lhe impôs as mãos; e imediatamente ela se endireitou e passou a louvar a Deus.

Indignado porque Jesus havia curado no sábado, o dirigente da sinagoga disse ao povo: “Há seis dias em que se deve trabalhar. Venham para ser curados nesses dias, e não no sábado”.

Hipócritas! Cada um de vocês não desamarra no sábado o seu boi ou jumento do estábulo e o leva dali para dar-lhe água? Então, não deveria ser libertada no dia de sábado esta mulher, uma filha de Abraão a quem Satanás vinha mantendo presa por dezoito longos anos?

“Há seis dias em que se deve trabalhar. Venham para ser curados nesses dias, e não no sábado.” Essas foram as palavras lançadas contra Jesus quando ele restaurou uma pessoa que sofria. Afinal, havia seis outros dias, tempo amplo para tratamento, recuperação ou alívio. Por que insistir no sétimo? Por que escolher o único dia que a tradição havia isolado como intocável? A declaração era menos sobre misericórdia do que sobre controle. Ela expunha como uma regra projetada para honrar a vida havia sido distorcida em uma desculpa para retê-la.

O apelo à lei muitas vezes é um disfarce para o poder. Regras podem ser escritas para proteger, mas também podem ser usadas para excluir. Uma proibição destinada à ordem pode ser transformada em um obstáculo contra a compaixão. A própria letra que outrora guardava a vida pode ser esvaziada de espírito, deixando para trás apenas uma tradição morta. A declaração “venha nos seis dias para ser curado” assume que a cura deve se curvar perante o costume. No entanto, a cura real revela o oposto: a tradição se curva perante a misericórdia. A lei, quando corretamente entendida, nunca foi hostil ao alívio ou à restauração. Seu propósito era preservar a vida, e nesse propósito, a cura permanece consistente com ela.

Mas a tradição tem uma maneira de fossilizar. O que outrora protegia a vida torna-se uma peça de museu, guardada por guardiões que se importam mais com as aparências do que com a verdade. Em nome de honrar o que foi transmitido, eles negam o que está acontecendo no presente. Eles se apegam a cercas antigas muito tempo depois que o campo mudou. A cura os inquieta, porque mostra que a tradição não é o supremo. A cura é maior que a tradição, porque responde à realidade de Cristo em vez de à autoridade da memória. Quando alguém é restaurado, isso prova que a verdade não espera pela aprovação do costume.

Isso também explica por que a cura carrega uma urgência. Ela não é para amanhã, não para um momento mais “apropriado”, não para depois que a permissão tenha sido obtida. Ela se impõe no presente. A ideia de que se deve esperar pela estação correta é uma desculpa educada para o adiamento, mas o adiamento em si é uma negação. A exigência de que a cura se submeta a um cronograma é uma forma de dizer que ela nunca deveria acontecer. A restauração verdadeira rompe com tais adiamentos e insiste: é para agora.

A cura nunca é neutra. Ela expõe aquele que a acolhe e aquele que a resiste. Ela desmascara aqueles que se escondem atrás de fingimentos. Aqueles que fingem se importar com a lei revelam que só se importam com o seu controle. Aqueles que alegam lealdade à tradição revelam que temem perder o controle sobre os outros. A cura brilha uma luz, e nessa luz as máscaras caem. A recusa em aceitar a restauração nunca é inocente. É o sinal de um coração preso à hipocrisia.

A verdade, então, é que todo dia é um dia de cura. Nenhum calendário o possui, nenhum ritual o controla, nenhuma autoridade pode ditar sua agenda. Insistir que há apenas um tempo restrito para a renovação é negar a própria natureza da vida. A vida avança a cada dia, e cada dia apresenta sua oportunidade. Aceitar isso é viver desperto, livre das antigas ilusões que nos dizem para esperar por uma hora sancionada. Se há sete dias na semana, então todos os sete pertencem à cura.

A resistência a isso sempre revela mais do que admite. Observe atentamente aqueles que se opõem à restauração e você verá sua corrupção interior. Sua oposição não é uma questão de princípio, mas de orgulho. Eles resistem porque não podem suportar um mundo no qual suas regras são expostas como vazias. Suas doutrinas, sejam filosóficas, culturais ou institucionais, invariavelmente se revelam defeituosas. Eles distorcem argumentos, inventam desculpas, constroem estruturas de adiamento, mas tudo com o mesmo fim: impedir que a fé, a vida e a salvação se movam livremente. A oposição à cura sempre sinaliza uma rebelião mais profunda.

Isso explica a ferocidade com que tais oponentes agem. Quando não conseguem suprimir o ato em si, voltam-se contra aquele que o realiza. A história mostra esse padrão repetidamente. Aqueles que resistem à cura são aqueles que, na verdade, desejam eliminar a própria possibilidade dela. Eles podem nunca admitir isso em suas próprias palavras, mas suas ações o declaram. Opor-se ao ato de restauração é opor-se à vida. Negar aquele que cura é desejar a morte ao próprio Cristo. E assim a luta nunca se resume a uma única instância de cura, mas ao questionamento de se o próprio Deus tem o direito de agir sem as amarras da tradição.

O refrão “venham nos seis dias para serem curados” assim desmorona sob sua própria hipocrisia. Nunca se tratou dos dias. Nunca se tratou da lei. Nunca se tratou da ordem. Tratava-se de suprimir a misericórdia, silenciar a vida e proteger o território religioso. Mas Jesus Cristo derrubou tudo isso. A cura mostrou que os dias não são limitados, que o calendário não pode restringir Deus, que sua lei concorda com a misericórdia e que a tradição não pode resistir à verdade. A cura expôs os impostores pelo que eles eram, e continua a fazer o mesmo hoje. Há sete dias para ser curado. Todo dia pertence à vida.

📖 Artigo original:

There Are Seven Days to Be Healed ↗