O Velho Profeta e a Palavra de Deus

Pois recebi esta ordem pela palavra do Senhor: “Não coma pão nem beba água lá, nem volte pelo caminho por onde foi”. (1 Reis 13:17)

O relato em 1 Reis 13 fala de um jovem profeta enviado de Judá para Betel com uma missão de Deus. Ele foi ordenado a entregar sua mensagem contra o altar de Jeroboão, depois partir sem comer ou beber na cidade, e não retornar pelo caminho que veio. O comando era preciso. Nada era obscuro, e nada requeria adição. O jovem profeta entendeu o que Deus havia dito, e sua tarefa era obedecer.

Quando ele saiu de Betel, um profeta idoso foi atrás dele. Ele convidou o jovem para sua casa. Quando o jovem profeta repetiu o comando de Deus, o homem mais velho o contradisse. Ele alegou que um anjo havia falado, autorizando-o a trazer o jovem profeta de volta para uma refeição. A Escritura dá um veredicto claro: ele mentiu. No entanto, o jovem profeta aceitou o engano. Ele voltou com o homem mais velho e comeu em sua casa. Enquanto fazia isso, a verdadeira palavra de Deus veio novamente, desta vez pela boca do próprio enganador, declarando que o jovem profeta morreria por desobediência. No caminho de casa, um leão o encontrou e o matou. A fera não o devorou nem o jumento que o carregava, mas ficou ao lado do corpo. Essa restrição não natural mostrou que a morte não foi um acidente, mas um julgamento divino.

Deus considera o seu povo responsável perante a sua palavra, independentemente de reivindicações concorrentes. Não é desculpa dizer que outro profeta contradisse o que Deus já havia falado. Mesmo que aquele que contradiz pareça respeitável, experiente ou angelical, o veredicto permanece o mesmo. A desobediência do jovem profeta, provocada pelo engano, terminou em morte porque ele colocou a palavra de um homem acima da de Deus.

O velho profeta representa a tentação duradoura de elevar a tradição humana e a autoridade religiosa acima da palavra de Deus. Ele mostra como uma figura envolvida no manto da religião pode levar outros à destruição. Ele também mostra quão rapidamente as pessoas abandonam o que Deus disse quando pressionadas pela aparência de autoridade espiritual. O jovem profeta tinha instrução direta de Deus, mas a entregou quando confrontado com a alegação de senioridade religiosa.

Essa tentação não terminou em Betel. Jesus condenou os fariseus por violarem o mandamento de Deus por causa de sua tradição. Ele disse que o culto deles era vão porque ensinavam mandamentos humanos como se fossem divinos. Paulo advertiu os gálatas de que, mesmo que um anjo do céu pregasse outro evangelho, eles não deveriam crer nele. Ele repetiu a advertência para remover toda dúvida: dar ouvidos a uma mensagem contrária ao que Deus havia revelado é ser amaldiçoado. Pedro lembrou aos crentes que eles possuíam a palavra profética plenamente confirmada, e que nenhuma profecia da Escritura provém da vontade humana. Abandonar essa palavra pelas vozes de falsos mestres seria seguir o caminho da destruição.

Essas testemunhas estão juntas com o relato em Reis. Todas elas insistem que a palavra de Deus é suprema. Nenhum profeta, nenhum anjo, nenhum concílio, nenhum credo e nenhuma longa história pode derrubá-la. Quem quer que contradiga a palavra de Deus, seja em nome da ortodoxia ou em nome da inovação, deve ser condenado como mentiroso. A autoridade da igreja não é nada quando fala contra a autoridade de Deus. O nome da tradição não é nada quando compete com o nome da Escritura.

É aqui que muitos hoje falham. Eles afirmam guardar a igreja defendendo doutrinas históricas. Eles se adornam com as vestes da tradição e se apresentam como guardiões da ortodoxia. Eles citam confissões, concílios e teólogos como se estes tivessem o mesmo peso que a Escritura. Eles pressionam os crentes a se conformarem, prometendo segurança na continuidade. Mas, quando o seu ensino se desvia da palavra de Deus, eles não são diferentes do velho profeta em Betel. Eles contradizem o que Deus disse, e aqueles que os ouvem caminham em direção ao juízo.

A pergunta para todo crente permanece a mesma que foi para o jovem profeta: você obedecerá ao que Deus falou, ou seguirá a voz da autoridade humana? O custo da desobediência é claro. Ignorar a palavra de Deus em favor da tradição é convidar a destruição. O leão pode atrasar sua aparição, mas o julgamento é certo. Por outro lado, permanecer com as Escrituras, apegar-se à instrução direta de Deus, é viver e prosperar. Sua palavra é a medida de segurança, e permanecer nela é florescer sob sua bênção.

Um profeta pode surgir, ou um concílio pode se reunir, ou uma tradição pode insistir, mas se eles contradizem a palavra de Deus, são falsos. A questão não é a antiguidade do ensino, o volume de sua repetição ou o número de seus adeptos. A questão é se Deus falou. Aqueles que promovem doutrinas contrárias não merecem respeito. Sua ortodoxia autoproclamada é inútil. Sua autoridade fingida merece desprezo. Eles devem ser condenados, pois corrompem a palavra de Deus e enganam aqueles que os ouvem. Seu lugar é o inferno, e suas palavras trazem morte. A igreja não deve lisonjeá-los com títulos honoríficos ou dignificar suas tradições com reverência. Fazer isso é repetir o erro do jovem profeta, rendendo-se ao engano ao custo da vida.

O cadáver do jovem profeta jazia à beira da estrada, com um leão e um jumento ao seu lado. Aquela estranha cena era um monumento ao perigo de ouvir vozes humanas acima da voz de Deus. O mesmo alerta nos confronta toda vez que enfrentamos as demandas da tradição contra o ensino claro das Escrituras. O perigo não é história antiga. Ele nos pressiona agora. Atender à palavra de Deus é viver. Atender ao velho profeta é morrer.

📖 Artigo original:

The Old Prophet and the Word of God ↗