A Piedade É Proveitosa em Todos os Aspectos

Mas os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição. (1 Timóteo 6:9)

Paulo escreveu sobre aqueles que transformaram a religião em um meio de ganho. Eles entraram nesta vida por lucro pessoal, como se a piedade fosse um empreendimento comercial. O ponto essencial é que eles buscavam esse lucro por meio de métodos e motivos malignos. Sua doutrina não concordava com as palavras de Cristo, e sua conduta os traía. Ele os chamou de presunçosos e corruptos, acusando-os de instigar inveja, contendas, calúnias, suspeitas e atritos constantes. Seu erro não era acreditar que a piedade traz ganho, mas tratar a piedade como uma ferramenta para ganho desonesto. Eles reduziram a vida de fé a um esquema para lucro financeiro, e ao fazer isso revelaram sua incredulidade.

A piedade é ganho, mas não quando o desejo principal é o lucro financeiro, não quando é perseguida como um esquema fraudulento, e não quando separada da fé e do amor. Paulo distinguiu o ganho desonesto do ganho verdadeiro, e apontou para a recompensa que vem do próprio Deus. Negar que a piedade traz aumento seria contradizer o próprio evangelho, pois Deus é aquele que recompensa aqueles que o buscam.

O testemunho das Escrituras é consistente e amplo nesse ponto. O livro de Provérbios fala repetidamente sobre a recompensa da justiça, da diligência e da fidelidade. Riquezas e honra pertencem àqueles que andam em sabedoria. O temor do Senhor leva à saúde e à prosperidade. Essas promessas são centrais à sabedoria de Deus. Jesus mesmo declarou que, se uma pessoa busca primeiro o reino de Deus e a sua justiça, todas as coisas que até os pagãos gananciosos e carnais buscam serão acrescentadas. Ele assegurou a seus discípulos que a fé não os deixa estéreis, mas os leva a uma vida de abundância. A piedade não é uma subtração da vida, mas a plenitude da vida em si.

É verdade que Paulo advertiu contra o amor ao dinheiro, dizendo que aqueles que anseiam ser ricos caem em tentação e ruína. Mas aqui novamente a distinção é clara. Ele falou contra o desejo de riqueza por si só, e persegui-la de uma forma que resulta em todos os tipos de mal e faz com que alguém se afaste de Deus. Em outras palavras, ele se referia a alguém que coloca o dinheiro em primeiro lugar, assim perdendo Deus, não alguém que colocaria Deus em primeiro lugar, assim ganhando dinheiro. A questão nunca foi ganho através da fé, mas ganho através da ganância, e até meios criminosos. Buscar o reino e receber riqueza como adição de Deus é uma coisa, cobiçar riqueza e usar a religião como manto para desonestidade, ódio e atividades criminosas é outra.

Paulo não descreveu um mero interesse por dinheiro, mas uma fixação que empurrava uma pessoa para métodos progressivamente malignos. Sua linguagem era severa: tentação, armadilha, ruína, destruição, males, afastamento da fé, traspassando-se a si mesmos com dores. Esse não era o retrato de alguém que meramente desfrutava da abundância, mas de homens que corrompiam a religião por ganho, vendiam sua integridade, exploravam e devoravam os outros, e até desciam à violência e ao assassinato para proteger seus ídolos. O amor ao dinheiro tornava-se um poder que deformava a alma e impulsionava um homem de cabeça para a destruição.

O erro oposto tem se mostrado ainda mais destrutivo. Há muitos que supõem que a piedade é dor, que seguir a Cristo significa perda inevitável e que a santidade consiste em renunciar à prosperidade. Eles apresentam a pobreza como se fosse um sacramento e tratam a carência como se fosse a essência da piedade. Mas isso é uma negação do caráter e da aliança de Deus. Se a piedade não for ganho em todos os sentidos, como Deus prometeu, então a fé é sem sentido e a graça é vazia. Remover o ganho da piedade é remover Deus da piedade. Todo o relacionamento desmorona uma vez que Deus não é mais o doador da vida e da recompensa. A fé, diz a Escritura, agrada a Deus ao afirmar que ele é o recompensador daqueles que o buscam. O que Paulo rejeitou foi o ganho desonesto e o método criminoso, mas pessoas religiosas sem fé rejeitam o ganho em si, mesmo quando vem de Deus, pois supõem que nenhum ganho vem de Deus, e ao fazerem isso rejeitam o próprio evangelho.

O Senhor Jesus ensinou que a vida não consiste na abundância de bens, mas ele não quis dizer que a vida consiste na ausência deles. A essência da vida é encontrada no próprio Deus, na fé, no amor e na justiça. Os bens nunca são o centro. Um homem com muito pode andar em piedade, e um homem com pouco pode descer à maldade, porque a piedade é medida em relação a Deus, não na medida dos bens.

Jesus perguntou: “Pois, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” Perseguir o mundo como o objetivo final é loucura, pois a alma tem maior valor do que toda a riqueza e honra das nações. Mas observe o que ele não disse. Ele não disse que perder o mundo salvará a alma. Render a riqueza sem fé não redime um homem. A pobreza em si não tem poder para conferir justiça. As questões são distintas. Ganhar o mundo e perder a alma é ruína. Perder tanto o mundo quanto a alma é a mesma ruína. O único ganho que importa é o próprio Deus, e dele fluem todas as outras bênçãos em sua devida ordem.

Confessar que a piedade é ganho é confessar que o próprio Deus é ganho. Ele é vida, luz, sabedoria e riqueza. Ele dá livremente àqueles que confiam nele, e adiciona todas as coisas àqueles que buscam o seu reino. A piedade não é um esquema para lucro desonesto, nem um emblema de perda ascética, mas a realidade de compartilhar na abundância de Deus. Aqueles que creem nele herdam tanto esta vida quanto a vida vindoura. Eles andam em paz, em justiça e na plenitude da bênção.

O erro está em deslocar o centro para longe de Deus, seja usando-O para ganho desonesto ou rejeitando o ganho completamente. Ambos os erros perdem o principal. Ambos tratam as posses como se elas definissem a essência da piedade, seja por apego ou por renúncia. Ambos deslocam Deus do centro. Mas a verdadeira piedade coloca Deus onde Ele pertence, e recebe Dele tudo o que vem, com fé e gratidão.

O ganho da piedade é medido em todas as coisas, não apenas em posses. É ganho em paz, em saúde, em sabedoria, em força, em prosperidade, em alegria e na eternidade. É ganho na alma e no mundo, no tempo e na eternidade, porque o próprio Deus é o doador. O evangelho proclama que Deus abençoa o seu povo com toda bênção espiritual em Cristo e com toda boa coisa adicionada de acordo com a sua promessa, em vez de deixá-los empobrecidos.

📖 Artigo original:

Godliness Is Gain All Around ↗