Potencial ao Nível do Criador

A religião infiel apela para a distinção criador-criatura de uma maneira que reduz toda teologia a fraqueza e ignorância. Eles insistem que, porque Deus é o Criador e nós somos criaturas, a implicação é que os seres humanos só podem confessar incapacidade e incompreensão. Ao aplicar a distinção dessa forma, eles definem toda a relação entre Criador e criatura pelas limitações da criatura, em vez de pela capacidade divina. Essa inversão expõe a incredulidade deles. Em vez de engrandecer o Criador, eles o confinam às limitações da criatura. O resultado é uma teologia na qual tanto Deus quanto o homem são colocados em um plano de nível de criatura, despojados do poder divino e limitados pelas restrições dos pensamentos e habilidades humanos. O que é apresentado como reverência é, na verdade, um ataque à natureza do Criador e a todos os seus tratos com a criação, pois nega a liberdade dele de se revelar e nega a capacidade dele de agir além das categorias da existência criada.

Uma compreensão correta da distinção faz o oposto. Dizer que Deus é o Criador é afirmar que ele não é definido pelas mesmas restrições que marcam a existência criada. Somente ele possui poder e conhecimento absolutos, e somente ele determina o que é possível. Pelo evangelho, ele se explicou em palavras que podemos compreender plenamente, e ofereceu seu poder àqueles que creem. Essa revelação derruba as suposições da religião sem fé. A relação entre Criador e criatura não é mais definida pelo que parece inerentemente possível dentro da ordem criada, mas pelo que é possível para Deus. Quando o Criador se faz conhecido e concede seu poder por meio da fé, o crente participa de um reino de potencial definido não pela fraqueza da criatura, mas pela força divina.

Os infiéis projetam limitações criaturas sobre toda a relação entre Deus e o homem. Em vez de definir a distinção pela capacidade de Deus de se revelar e capacitar o seu povo, eles a definem pela incapacidade do homem de compreender ou ser aprimorado. Sua suposta teologia centrada em Deus é, na realidade, centrada no eu, porque avalia a palavra de Deus por meio de limites humanos e impõe esses limites sobre tudo o que ele disse. Deus não é mais aquele que estabelece os termos do conhecimento e da possibilidade, mas esses termos são ditados pela fraqueza da criatura. Eles pregam a fragilidade como se fosse devoção, mas na verdade é rebelião. A verdadeira humildade aceita o que Deus declara sobre si mesmo e sobre nós, não importa o quanto exceda nossas categorias naturais, porque a medida da verdade é a palavra do Criador, não a ignorância e a covardia da criatura.

A palavra de Deus nos liberta dessa religião fraca e tola. Ele confronta a tendência infiel de centralizar a teologia no homem, medindo a verdade pelo que parece possível à experiência humana, enquanto mente constantemente sobre ser centrada em Deus. Isso trai uma mentalidade pagã ou réproba ao definir a relação entre Criador e criatura pelo que o homem pode fazer ou entender, como se secretamente acreditasse que não há Criador algum. Quando nos submetemos à palavra de Deus, reconhecemos que o Criador não se conforma aos limites da criatura. Em vez disso, ele define a relação por sua própria capacidade, projetando sua razão e poder sobre o crente por meio da fé. A lógica da revelação inverte as suposições da incredulidade: Deus não é reduzido ao homem, mas o homem é elevado à esfera da ação de Deus. Receber a palavra de Deus é pensar seus pensamentos após ele e compartilhar de seu poder.

A Escritura declara que todas as coisas são possíveis para Deus, e também diz que todas as coisas são possíveis para aquele que crê. Isso pressupõe a aplicação apropriada da distinção entre Criador e criatura. Isso não apaga a diferença entre os dois, mas define a relação: Deus possui todo o poder em si mesmo, e o cristão possui todo o poder de Deus, não em si mesmo, mas pela fé em Deus. Em outras palavras, Deus não é diminuído pela relação, mas o cristão é elevado por ela. A relação é definida não pela incapacidade da criatura, mas pela capacidade do Criador. O potencial do crente não é medido pelo que é natural ao homem, mas pelo que pertence ao Criador. Entender isso é escapar do ciclo de fraqueza pregado pelos Sem Fé e entrar na vida que corresponde à verdade de Deus.

Quando a relação é definida pela capacidade do Criador, a possibilidade é redefinida para a criatura. Pensar de acordo com a revelação é participar do potencial divino, porque a palavra de Deus é razão e verdade. Quando o crente a recebe, sua mente é alinhada aos pensamentos do Criador, e essa união intelectual também é empoderamento. A medida da vida não é mais a fraqueza da criatura, mas a determinação do Criador. No conhecimento, isso produz sabedoria e certeza sobre-humanas, porque a verdade vinda de Deus não se baseia em investigação falível, mas em revelação infalível. Na ação, isso estende o horizonte da possibilidade a tudo o que Deus é e a tudo o que ele tem falado, seja isso concernente ao perdão dos pecados, à cura de doenças, ao avanço do evangelho entre as nações, e a todas as outras expressões milagrosas e espetaculares do seu ser e poder. Deus torna tudo o que ele é acessível ao cristão por meio da fé.

Os infiéis recuam diante de tal confiança, considerando-a presunção. Mas o recuo deles apenas confirma o erro deles: eles continuam a definir a relação pelo ser criado em vez de pelo Criador. Na teologia deles, Deus é sobrepujado pelo homem. Por quê? Porque a verdade é que há apenas o homem na teologia deles. Eles nunca creram em Deus, de modo que as crenças deles nunca se elevaram acima do nível do homem. Assim, eles confinam a teologia à repetição interminável da fraqueza humana. Quer usem a palavra “Deus” ou “homem”, eles estão realmente falando apenas de si mesmos. O evangelho de Jesus Cristo substitui essa religião humana por uma revelação de outro mundo, do próprio Criador. Ele estabelece a relação em seus termos apropriados: Deus é absoluto, e o homem é elevado pela fé nele. O perigo não é pensarmos alto demais sobre a revelação de Deus, mas recusarmos pensar de acordo com ela. A fé concorda com Deus. E o crente se eleva para comungar e se associar com ele.

A verdadeira distinção criador–criatura magnifica Deus e eleva o homem. Ela coloca Deus acima de tudo, revelado em Jesus Cristo, e coloca o homem nele. O homem nesse estado não permanece na ignorância e fraqueza, mas ele é um com a Razão e o Poder, assentado à direita da Majestade em Cristo. A loucura sem fé deixa tanto Deus quanto o homem no mesmo plano de futilidade, mas a revelação restaura a relação apropriada. A fé recebe a revelação como verdade a ser conhecida e como poder a ser vivido. Confessar que todas as coisas são possíveis para Deus e todas as coisas são possíveis para aquele que crê é confessar o significado do evangelho em si. É declarar que a possibilidade não é medida pela capacidade humana, mas pela determinação divina, e que, ao crer na palavra de Deus, a criatura participa do próprio potencial do Criador.

📖 Artigo original:

Creator-Level Potential ↗