Os Dois Filhos
Que acham vocês? Havia um homem que tinha dois filhos. Chegando ao primeiro, disse: “Filho, vá trabalhar hoje na vinha”. E este respondeu: “Não quero!” Mas depois mudou de ideia e foi. O pai chegou ao outro filho e disse a mesma coisa. Ele respondeu: “Sim, senhor!” Mas não foi. Qual dos dois fez a vontade do pai? Responderam eles: “O primeiro”. (Mateus 21:28–31)
Jesus contou sobre um homem que tinha dois filhos. Um prometeu obediência, mas não agiu, e o outro recusou, mas depois obedeceu. A lição é que a obediência recebe maior aprovação do que mera profissão. Esse princípio não apenas expõe a hipocrisia, mas também confronta o longo histórico da igreja de reivindicar lealdade a Deus enquanto suprime seus mandamentos e poder. A parábola fornece uma lente através da qual podemos avaliar a conduta daqueles que levam o seu nome.
O Pai confia sua obra à igreja por meio da autoridade de seu Filho. Falar em nome de Jesus é continuar seu ministério e proclamar a palavra de Deus com poder. A igreja existe para a obediência ao seu mandamento. Ao longo dos séculos, muitos que professam Cristo abandonaram essa incumbência, mantendo a linguagem de devoção enquanto recusam a obediência que Deus ordena.
O filho desobediente ilustra o padrão predominante da igreja ao longo das eras. Seus líderes proclamaram reverência pelas Escrituras, construindo sistemas intricados em seu nome. Eles guardaram a letra, discutiram sobre detalhes e emitiram confissões intermináveis. No entanto, quando confrontados com a exigência de agir de acordo com a palavra de Deus e demonstrar seu poder, eles se recusaram. Eles são o filho que prometeu obediência, mas nunca entrou na vinha. Sua profissão apenas aumenta sua culpa, pois, por suas próprias palavras, confessam o conhecimento dos mandamentos e promessas que rejeitam.
Os fariseus coavam um mosquito, mas engoliam um camelo. Eles se obcecavam com minúcias técnicas enquanto perdiam a substância do mandamento de Deus. Muitas das tradições intelectuais da igreja têm feito o mesmo. Elas exaltam a filosofia humana acima da revelação divina, confinando Deus a estruturas e tradições de seu próprio design. Elas encobrem a incredulidade com vestes acadêmicas, fingindo honrar a palavra enquanto rejeitam seu significado. Elas multiplicam palavras, mas não produzem obediência. Tais pessoas provam ser filhos falsos, cujos lábios honram a Deus, mas cujas ações o traem.
Existe outro tipo de resposta, menos do que ideal, mas mais aceitável. Alguns são descuidados e imprecisos na doutrina, até negligentes no manuseio das Escrituras, mas frequentemente cumprem mais dos mandamentos de Deus do que os intelectuais meticulosos e os religiosos. Eles obedecem onde outros apenas discutem. Na prática, eles podem crer na ajuda de Deus ou seguir o seu chamado com uma sinceridade que expõe a hipocrisia daqueles que analisam cada palavra enquanto negam o seu poder. Nesse aspecto, eles se assemelham ao segundo filho, que a princípio recusou, mas depois cumpriu a vontade de seu pai. Tais pessoas recebem aprovação, pois a obediência tem maior valor do que a mera profissão de fé.
A obediência deles, no entanto, permanece incompleta. A falta de precisão deles os deixa vulneráveis a distorções e erros, e o testemunho deles é frequentemente instável. Eles podem agir fielmente em um assunto, mas vacilar em outro. Mesmo assim, a obediência parcial ainda supera a hipocrisia, embora o Pai busque filhos que tanto confessem quanto obedeçam, conhecendo a sua vontade e realizando-a com entendimento.
Deus deseja filhos cujas confissão e obediência concordem, que mantenham a verdade com precisão e a vivam com fé. Confissão sem obediência é hipocrisia, e obediência sem confissão é instável. Somente quando doutrina e ação convergem o filho reflete a vontade do Pai. Este é o padrão da fé genuína, onde a confissão produz obediência e a obediência confirma a confissão. Qualquer coisa menos que isso fica aquém.
O futuro da igreja não está em repetir velhos fracassos, mas em encarnar essa unidade. Filhos aprovados pelo Pai são aqueles que rejeitam tanto a hipocrisia quanto a negligência. Eles não oferecerão uma profissão vazia a Deus enquanto negam o seu poder, nem tropeçarão em uma obediência parcial sem compreensão. Eles serão filhos que dizem e fazem, que professam a palavra de Deus com conhecimento e precisão e agem sobre ela com fé. Sua teologia não permanecerá na página, e sua obediência não flutuará livre da doutrina. Palavra e ação serão uma só.
A parábola dos dois filhos, então, não é meramente uma história moral, mas um julgamento contra a história da igreja e um chamado ao seu futuro. Aqueles que professam lealdade à palavra de Deus enquanto negam o poder do Espírito são condenados. Aqueles que tropeçam na obediência enquanto carecem de sã doutrina são aprovados apenas em parte. Mas aqueles que unem profissão e obediência, doutrina e ação, são os verdadeiros filhos que agradam ao Pai. A vinha aguarda tais trabalhadores.
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