Seduzido pelo Fracasso
A sedução do fracasso é um dos erros mais destrutivos na religião. Ser seduzido é ser atraído para aceitar algo que deveria ser rejeitado, e o fracasso tem sido enfeitado como se fosse uma conquista espiritual. Os pobres são declarados bem-aventurados pela natureza de serem pobres, os doentes são tratados como se estivessem mais próximos de Deus por causa de seu sofrimento, e os derrotados são assegurados de aprovação divina sem a necessidade de fé ou mudança. A essência dessa sedução é que ela concede autoaprovação enquanto não exige nada. É mais fácil batizar o fracasso com slogans piedosos do que confrontar a incredulidade com a palavra de Deus.
A atração desse erro é óbvia. Um homem que sofre de doença e pobreza não deseja ser informado de que seu problema é a incredulidade. Ele não deseja ouvir que Cristo já pagou pela cura, que o Espírito foi derramado para capacitar, e que a fé se apodera de toda bênção. Admitir isso é admitir a culpa por negligenciar a promessa de Deus. É reconhecer a responsabilidade por se recusar a confiar. A sedução do fracasso oferece uma fuga: em vez de arrependimento, ele redefine sua miséria como santidade. A doença torna-se um emblema de santidade. A pobreza torna-se um sinal de favor divino. Em vez de enfrentar sua incredulidade, ele declara que isso é a vontade de Deus.
Este é o motivo por trás das doutrinas sem fé. Elas não nascem de reverência a Deus, mas do medo da responsabilidade. Elas servem para proteger o orgulho dos infiéis, que preferem culpar Deus a acusar a si mesmos. Se a palavra de Deus insiste que o crente pode receber cura e prosperidade pela fé, então a incredulidade não tem defesa. Mas se os homens podem distorcer a doutrina de modo que o fracasso em si se torne santo, eles podem pecar e ainda se sentir justos. Dessa forma, o fracasso se torna um narcótico. Ele acalma a consciência, embota a dor da culpa e justifica a recusa em crer.
A ironia é que aqueles que afirmam honrar a Deus ao se submeterem ao fracasso estão, na verdade, desonrando-o. Eles usam o seu nome como desculpa para a sua incredulidade. Quando a doença persiste, eles dizem: “É a vontade de Deus.” Quando a pobreza reina, eles dão de ombros: “É o plano de Deus.” Mas o testemunho de Cristo diz o contrário. Jesus não elogiou o fracasso. Ele repreendeu a incredulidade. Quando os discípulos não conseguiram curar, a resposta dele foi clara: “Por causa da incredulidade de vocês.” Quando os homens se preocupavam com comida e roupa, ele questionou: “Onde está a sua fé?” Quando as pessoas o pressionavam por respostas, ele lhes assegurou: “Peçam, e lhes será dado; busquem, e encontrarão.” Ele nunca santificou a derrota. Ele nunca parabenizou a incredulidade. Ele sempre dirigiu os homens a confiarem em Deus e receberem o que ele havia prometido.
O padrão daqueles seduzidos pelo fracasso é circular e autodestrutivo. Eles argumentam: “Se eu estou doente, deve ser a vontade de Deus. E porque é a vontade de Deus, eu tenho razão em permanecer doente.” Eles raciocinam: “Se eu sou pobre, deve ser o plano de Deus. E porque é o plano de Deus, eu tenho razão em permanecer pobre.” Eles correm atrás do próprio rabo, afirmando a miséria como prova de santidade, e a miséria, por sua vez, reforçando sua doutrina. Nesse ciclo, eles nunca escapam. Eles nunca dão um passo em fé. Eles nunca abraçam a promessa de Deus que expõe suas desculpas.
No entanto, a palavra de Deus não deixa a sua vontade na obscuridade. Jesus a revelou em ação e palavra. Ele curou todos os que vieram a ele. Ele declarou que o Espírito do Senhor o havia ungido para anunciar boas novas aos pobres, liberdade aos oprimidos e recuperação da vista aos cegos. Ele insistiu que aqueles que buscam em primeiro lugar o Reino de Deus teriam todas as necessidades supridas. Ele anunciou vida abundante, paz e alegria para aqueles que creem. A doença e a pobreza nunca foram exaltadas. Elas foram confrontadas, vencidas e expulsas pela fé no poder de Deus.
A fé produz mudança. Ela não santifica o fracasso, mas o destrói. O leproso que creu foi purificado. O cego que clamou em fé recebeu a visão. O paralítico que obedeceu ao comando levantou-se para andar. Onde quer que a fé aparecesse, o fracasso era derrubado. A doutrina do fracasso santificado não produz nada além de estagnação. Ela ensina as pessoas a ficarem paradas, a se desculparem e a imaginarem que a miséria é igual à santidade. Ela produz apenas resignação e desespero, mas disfarçados de devoção e humildade.
A fé não nega que as provações existam, mas nega que elas tenham a palavra final. A fé se eleva para cima, agarrando-se ao que Deus falou, e recebe cura e abundância. A sedução pelo fracasso se curva para baixo, concedendo à miséria a dignidade de religião, e deixa os homens amarrados onde Cristo oferece liberdade. A fé glorifica a Deus confiando em sua promessa e exibindo seu poder. A doutrina do fracasso zomba de Deus transformando suas promessas em perigos e suas bênçãos em heresias.
Aceitar a sedução do fracasso é negar a palavra de Deus. É contradizer o próprio Jesus, que nunca disse a um homem que a doença era o seu chamado ou que a pobreza era a sua santificação. Os apóstolos não pregaram que a incredulidade era santa. Eles pregaram que a fé salva, cura e traz o poder do Espírito. A sedução do fracasso toma a própria ausência de fé e a coroa como uma virtude. É uma maneira astuta e maligna de evitar a obediência: redefinir a desobediência como piedade.
A igreja deve rejeitar essa mentira. Ela deve confrontar aqueles que santificam a incredulidade em nome de Jesus. Desculpar o fracasso como vontade de Deus é caluniar o seu caráter e anular a sua palavra. Justificar a doença e a pobreza é desprezar a cruz de Cristo, que garantiu toda bênção. A fé é o único caminho. Deus chama os homens a terem fé e a darem frutos em abundância.
A sedução do fracasso é poderosa porque oferece uma saída fácil. Ela permite que um homem se aprove de si mesmo sem fazer nada, sem mudar nada, sem acreditar em nada. Mas o caminho de Cristo exige fé. Exige submissão ao seu comando e expectativa de sua promessa. Aquele que se apega a desculpas permanecerá doente, pobre e derrotado, mas aquele que crê verá a glória de Deus.
A palavra de Deus chama os homens para cima, não para baixo. Ela os chama ao sucesso pela fé, não ao fracasso por desculpas. Ela exige que eles abandonem o narcótico da miséria santificada e abracem a vida que Cristo dá. O fracasso não é santo. A incredulidade não é piedade. Somente a fé recebe a bênção, e somente a fé dá honra a Deus.
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