O Tempo e a Ordenação da Vida

Aprimorar a própria vida espiritual é inseparável da maneira como se lida com o tempo. Toda pessoa tem uma quantidade limitada de tempo, e ele é facilmente consumido por distrações, demandas e expectativas dos outros. O crescimento espiritual requer uma abordagem calma, mas decisiva, na qual a vida é ordenada em torno de um propósito em vez de ruído. A chave é estabelecer controle sobre o que preenche os dias, em vez de adicionar mais atividades. Sem tal controle, uma pessoa pode pretender crescer na fé, mas passar anos consumida por trivialidades.

O primeiro passo é definir o propósito de alguém. Um desejo vago por melhoria raramente sobrevive à pressão das interrupções diárias, mas uma direção clara fornece orientação imediata. Uma pessoa que sabe o que está fazendo pode reconhecer rapidamente se um convite ou relacionamento avança seu propósito ou o atrapalha. Até mesmo uma declaração curta e deliberada de intenção cria um padrão pelo qual todas as demandas de tempo podem ser medidas. Isso é humildade, demonstrada ao reconhecer que a vida é finita e deve ser moldada de acordo com a vontade de Deus e a ambição santa de alguém, enquanto a arrogância recusa esse reconhecimento. Aqueles que carecem dessa orientação escorregam para a confusão, e chamam isso de ocupação, como se preencher um dia com atividades fosse o mesmo que viver com propósito. Mas o homem humilde aceita suas limitações e se restringe ao que realmente importa.

A maneira como uma pessoa investe seu tempo em relacionamentos molda parcialmente a condição espiritual de sua casa. O tempo com a família merece prioridade, primeiro com o cônjuge e depois com os filhos. O círculo é estabelecido em fé e direção pela palavra de Deus, e vozes externas ganham influência apenas se a casa lhes conceder oportunidade. Família extensa, amigos e conhecidos ou apoiam esse propósito ou o enfraquecem, e quando o enfraquecem, seu acesso deve ser limitado ou eliminado sem hesitação. Regular a interação é um ato de responsabilidade. Se outros o confundirem com crueldade, isso não muda nada. Limites criam dois resultados: alguns relacionamentos se fortalecem por meio do respeito, e outros se dissipam. Qualquer resultado é melhor do que permitir que uma casa seja consumida por demandas constantes.

É preciso considerar como o tempo é dado, porque um investimento equivocado em outros pode distorcer a direção do lar. Os pais frequentemente permitem que vozes destrutivas permaneçam por tradição, lealdade ou medo de ofender parentes. A responsabilidade perante Deus exige que eles guardem o lar de tal intrusão e falem a palavra de Deus aos seus filhos. A questão diz respeito à formação de almas, não à perda de tempo casual. Recusar vozes prejudiciais é proteger a família confiada por Deus.

Além dos relacionamentos, o outro grande consumidor de tempo é a diversão. O entretenimento sem fim oferece apenas uma distração passageira e deixa pouco que fortaleça a fé ou produza sabedoria e maturidade. Abandonar tal desperdício recupera horas que podem ser dedicadas à oração e à leitura, à confissão de fé e à reflexão. O ponto é impedir que a diversão compita com aquilo que fortalece a vida interior. Um homem que valoriza seu tempo com Deus encontrará pouca atração em diversões passivas que não deixam nada para trás.

O perigo do entretenimento reside tanto em sua quantidade quanto em sua qualidade. O entretenimento desfila valores, atitudes e visões de mundo opostas à fé, embora seu apelo só tenha sucesso quando uma pessoa escolhe dedicar tempo a ele. Aqueles que se gastam em consumo constante, mesmo que não sejam vencidos por ele, negligenciam voluntariamente as coisas de Deus. Recusar tais diversões garante tempo para a oração e mantém a mente fixada na verdade. Um coração estabelecido na palavra de Deus permanece firme na oração e forte nas Escrituras, mas aquele que negligencia sua fé por diversões vazias pode fazer com que sua própria busca por Deus esfrie.

O uso disciplinado do tempo é auxiliado pela estrutura. Agendar períodos para oração, leitura e reflexão é tratá-los como essenciais. Uma pessoa que planeja espaço para essas atividades ganha estabilidade. Em vez de ceder a toda interrupção, ele estabelece ritmos que fomentam a consistência. Esse ritmo produz crescimento constante e remove a sensação de reagir constantemente às demandas dos outros. Um homem que ordenou seu tempo dessa maneira descobre que a oração surge naturalmente, não como um hábito descuidado, mas porque ele preparou o terreno para que ela floresça.

A estrutura também liberta a mente. Aqueles que se recusam a planejar frequentemente enfrentam a tensão de decidir cada passo à medida que surge, com pensamentos dispersos por tarefas e obrigações. Aquele que organiza seu tempo aborda o dia com um maior senso de tranquilidade, pois muitas decisões já estão estabelecidas. Sua mente está clara para se dedicar ao ato presente de devoção, estudo ou trabalho. Tal estrutura produz liberdade, porque a tensão da incerteza constante foi removida, no entanto, ainda deixa espaço para a liberdade de ação espontânea.

Para alguns, uma separação ousada das distrações pode ser difícil no início. Nesse caso, pequenos ajustes podem iniciar o processo. Pode-se encurtar uma visita, recusar um convite ou reduzir conversas desnecessárias. Cada ato recupera uma porção da vida que teria sido perdida, e com o tempo essas porções se acumulam em uma liberdade significativa. À medida que a confiança cresce, a pessoa descobre que a reação negativa desaparece rapidamente, ou que ela nunca importou. Aqueles que respeitam seus limites permanecem, enquanto os outros se afastam. O resultado é paz e força, onde a vida não mais parece à mercê dos outros, mas governada por um propósito.

É comum as pessoas falarem de equilíbrio, como se a vida ideal fosse aquela em que toda demanda recebe sua porção de atenção. Mas o equilíbrio muitas vezes se torna outra palavra para concessão. O que importa é a prioridade, não a distribuição igual. A fé deve ter precedência sobre as buscas triviais, ou elas serão engolidas por elas. O equilíbrio dilui uma pessoa; a prioridade concentra sua força.

Para melhorar a vida espiritual de alguém, é necessário lidar com o tempo com seriedade, até mesmo com uma determinação que parece cruel para os outros. Pessoas e diversões frequentemente desperdiçam mais dele do que qualquer outro fator. Proteger-se contra isso é obediência a Deus, que deu cada vida para ser gerenciada com sabedoria, e isso nunca deve ser confundido com retirada do mundo. Quando o tempo é organizado em torno da fé, da família próxima e do chamado, a alma é nutrida. O lar recebe força, e os dias de alguém se tornam frutíferos. A paz que segue vem como a recompensa de viver com direção. Essa paz perdura, porque está enraizada no conhecimento de que a vida está sendo gasta no que mais importa, sob o comando de Deus e no poder do seu Espírito.

📖 Artigo original:

Time and the Ordering of Life ↗